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Música do Brasil

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Seu Jorge & Almaz ou olhar o Brasil de outra maneira

Seu Jorge & Almaz, um quarteto que inclui ainda os músicos Pupillo, Lúcio Maia (ambos dos Nação Zumbi) e o baixista Antônio Pinto, vai estar a apresentar o álbum de estreia, homónimo, nos coliseus do Porto e de Lisboa a 28 e 29 de Outubro, respectivamente.
O disco apresenta versões de músicas que o quarteto escolheu para lá da música popular brasileira; não a renega, mas demonstra - como outros já o fizeram - que nesse pote também há soul, rock e psicadelismo.
Michael Jackson ("Rock with you"), Kraftwerk ("Das model"), Jorge Ben ("Errare Humano Est"), Roy Ayers ("Everybody loves the sunshine") e Vinicius de Moraes com Baden Powell ("Tempo de amor") foram alguns dos autores escolhidos para reinterpretar.
"A gente não quer só ficar com os velhos símbolos. O Brasil não pode ser só isso. Tenho a certeza que não é", disse Seu Jorge, em entrevista telefónica a partir de São Paulo.
Seu Jorge, que passou por dificuldades e viveu temporadas na Europa, sabe, aos 40 anos, que é preciso olhar para o Brasil do lado de fora, e o álbum "Seu Jorge & Almaz" é como uma unidade de medida para o entender.
"A ideia é tentar um outro horizonte, provocar, cantar em outra língua. Eu, que venho da música popular, poder experimentar uma coisa mais universal e psicadélica era uma coisa que me interessava", disse o músico, que se junta à linguagem "manguebeat" e samba-rock dos Nação Zumbi e ao perfil de composição para cinema de Antônio Pinto.
Com o Brasil à beira de eleições gerais, que decidirão quem tomará o lugar de Lula da Silva, Seu Jorge fala da música, mas para ele está tudo ligado com o que se passa no país.
"Queremos ser um pouco mais universais e não tão territorialistas, tão focados na coisa do Brasil da mulata, do pandeiro, do samba, da caipirinha, da feijoada e da alegria. Ai, viva a alegria brasileira! Isso é mentira, porque estamos com dificuldades, nós temos muitos escândalos todos os dias aqui", disse.
E as palavras saem como um rápido lamento: "O povo aqui trabalha que nem um cachorro para conquistar os seus sonhos e sonho aqui é só sonho. Aí em Portugal, nos Estados Unidos, em França, você começa a sonhar e se você trabalhar vira um projeto bacana. Aqui sonho é só sonho", repetiu.
Fala por experiência quem já fez cinema nos Estados Unidos e conquistou a Europa com versões MPB de canções de David Bowie, podendo ver o que é o Brasil com relativa distância.
"O Brasil é o Brasil bacano, maravilhoso, pelo povo e não pela sua administração. A administração do Brasil é muito falha, cheia de problemas e a maioria das vezes não dá para compactuar, não dá para aceitar", criticou.
O disco de estreia de Seu Jorge & Almaz surge dois anos depois da génese do projecto, quando os quatro músicos se conheceram durante a gravação de um tema para o filme "Linha de passe", de Walter Salles.
Houve química entre todos e em estúdio puseram-se a escolher músicas que um dia gostariam de gostariam tocar. O disco ficou gravado numa semana com a ajuda do produtor Mário Caldato Jr, mas o projecto deverá evoluir também para a composição de temas originais.

 

Fonte: HardMusica

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