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Música do Brasil

Música do Brasil

Vinícius Cantuária em entrevista ao Destak

Vinícius Cantuária é um músico brasileiro, que vive nos Estados Unidos, o que lhe permitiu levar todo um mundo para o seu Samba Carioca, álbum que vem apresentar a Lisboa. Segunda-feira dia 17, às 21h, vai ter ao seu lado o pianista Mário Laginha, para um espectáculo acústico e intimista, no Teatro São Luiz, em Lisboa. O Destak esteve à conversa com o artista. (Preço 10 a 20 euros)

Este Samba Carioca é a sua visão do samba?
O samba é um país, um continente inteiro, com muitas influências e muitas variações. Samba Carioca é o samba que gosto, que mistura muitas coisas. Moro em Nova Iorque, e isso permite fazer samba com americanos, japoneses, europeus. E assim, dou a minha visão sobre o samba. É um disco muito centrado na ideia do piano. O instrumento do samba é o violão, do jazz é o piano, do rock é a guitarra. Esse samba que eu gosto tem o piano muito presente. Foi uma forma que encontrei de fazer a minha homenagem ao samba. Reuni temas que dessem para chamar os pianistas que gosto (Marcos Valle, João Donato e Brad Mehldau). A ideia era reunir os pianistas e em torno deles construir este projecto.

 

Este disco quase que se poderia chamar Samba do Mundo!

Poderia ser! Mas é Carioca porque é a minha visão sobre o samba carioca, que acontecia nos anos 70, no Rio de Janeiro. Era muito comum nessa altura, sair à noite para ouvir música brasileira e encontrar pianos bar onde tinha geralmente um pianista, um baterista e um baixista. Eles faziam o samba que acontecia na época e traziam um pouco da música clássica e jazz. Para mim, o samba carioca é muito ligado ao piano.

 

Mesmo com essas mudanças com o piano mantém-se muito fiel ao samba original.
Claro, o grande desafio é esse. O samba é uma célula única e está no sangue do músico brasileiro. Variações que ocorrem são só variações, porque a célula principal está lá. Tento manter o ritmo do samba, o meu violão quase imaculado fazendo as harmonias do samba tradicional, e trago esses músicos incríveis que vão colorir essas ideias.

 

O samba é um estilo que consegue receber facilmente outras influências?

Sim porque o samba ficou uma marca como o jazz. Se vir, o jazz tem muitas misturas, tem o jazz tradicional, o jazz de vanguarda, tem o fusion, tem o jazz moderno com hip hop, tem vários tipos de música que servem de matriz. O samba juntamente com o jazz são as duas músicas mais universais, onde a mistura é muito grande. Na Europa há muitos músicos, principalmente DJ e músicos da nova geração, que gostam muito da batida do samba como ritmo e incorporam isso na música deles. É bonito ter essa visão também, de um samba feito por portugueses ou ingleses é diferente do samba feito no Brasil. Essas variações vão tornando o samba universal.

 

Sente-se um bocado embaixador da música e da cultura brasileira?
A minha profissão é exactamente viajar, levando a cultura para os vários lugares. E não é só levando, é incorporando. Agora em Portugal por exemplo, vou ter o pianista português Mário Laginho a participar no meu espectáculo, com as suas influências clássicas e jazzísticas. Vamos fazer em palco uma coisa que ele talvez nunca tenha feito e eu seguramente é a primeira vez que vou tocar com um pianista português. Esta é uma visão estupenda e muito excitante para a minha música, ter um pianista português dentro desse projecto. O piano é muito importante para mim nesse projecto. O papel do artista é poder viajar e levar a minha cultura, a minha terra, a minha raiz.

 

Mário Laginha vai acompanhá-lo só em algumas músicas?
Eu pensei em trocar em Lisboa 20 músicas. Dessas 20 músicas, 5 vão ser com o Mário. Eu mesmo estou sempre a mudar as músicas. Quando se faz um concerto a solo, pode mudar o rumo do concerto sempre que quiser, porque estou sozinho só com o meu violão e a minha voz. Tenho um alinhamento, mas se quiser trocar de música, troco porque não vai afectar ninguém, não tem uma banda com roteiro. Por isso ainda não sei bem o que vou cantar. Penso que vou cantar certas músicas e depois troco, por isso também não sei ainda as participações com ele. Seguramente vamos tocar um clássico do Jobim, vamos tocar duas músicas minhas também.

 

Fonte: Destak

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