A Billboard Brasil conseguiu um espacinho na concorrida agenda da cantora para falar sobre o Carnaval e a Operação Palhaço – a estratégia de Ivete e amigos para curtir o Carnaval em Salvador de forma anônima. A ideia foi tão bem executada que só soubemos a identidade da animada palhacinha saracoteando pelas ruas num post da própria cantora no Instagram, no dia seguinte.
Ivete fala também sobre a emoção de ser homenageada pela Grande Rio e sobre as chances de cantar no Carnaval de rua de São Paulo: “Existem milhões de possibilidade. Daniela Mercury fez uma apresentação que foi emocionante e foi inspirador”.
Como foi sua preparação pro Carnaval desse ano? Algo especial?
Olhe, eu não paro! Eu intensifico os treinamentos e ensaios durante um mês, mais ou menos, e fico nessa pegada pra aguentar o tranco. Um mês antes do Carnaval, eu dou uma intensificada no cuidado com a voz, porque é um período do ano difícil mesmo pra voz. O Carnaval é meio maratona, sabe? Então, corpo, voz, parte emocional também... eu já faço isso o ano todo, sabe? Mas antes do Carnaval é mais intenso.
Então não tem muita diferença pro resto do ano nesse sentido...
O Carnaval é muito intenso, mas não é diferente da performance do ano inteiro. O meu show já requer esses cuidados. Eu não faço show parada, né? Pra chegar bem no palco, eu tenho que ter tudo isso. E pra garantir a qualidade também, né?
Todo ano a gente pensa que o Carnaval chegou num teto, mas a festa sempre cresce. Como você, que vive a festa há anos, vê isso?
Eu vou te dizer uma coisa. Eu acho que o Brasil tem um potencial muito grande dentro dessa festa. São Paulo descobriu o Carnaval de rua há pouco tempo, por exemplo. Recife também cresce muito a cada ano. Então eu acho que é uma característica brasileira, não só de curtir a festa mas de fazer a festa. É um povo festeiro, é um povo que gosta disso. O Carnaval está no perfil emocional do brasileiro. Então eu vejo o crescimento e as milhões de possibilidades que essa festa traz não só do ponto de vista de entretenimento, mas de atrair recursos pro país, sabe? Eu adoro o Carnaval, sou muito suspeita pra falar, sabe? Eu vejo com bons olhos por ser carnavalesca e não só por cantar, mas eu me descobri no Carnaval, sou cantora de trio elétrico, de axé, que é uma música muito fortalecida pela festa, pelo Carnaval em si. Então, além dessa relação profissional, eu tenho uma relação cultural, desde criança e tudo mais. Eu vejo o potencial não só de entreter, mas econômico. Quantas pessoas trabalham pra montar essa festa? Eu fico feliz de ver que cada cantinho tem a sua maneira de comemorar.
A gente acompanhou seu Carnaval pelas redes e ele foi bem intenso. O que marcou mais?
Olhe, eu vou te falar... o Carnaval da Bahia é sempre maravilhoso, adoro tudo, é o ápice das nossas performances. Mas somado a isso, veio o Carnaval da Grande Rio, emblemático, que resolveu me homenagear, contar minha história, falar de Juazeiro, do axé, das músicas... foi uma noite de grande emoção pra mim e vai ficar na minha memória porque eu participei intensamente de todo o processo junto da escola. Além da emoção da homenagem em si, eu pude vivenciar, pude participar de tudo. Aquilo pra mim foi... Ave Maria! Explosão de emoção mesmo, de ver as pessoas na avenida, me desejando bem, cantando e tudo mais. E na terça-feira de Carnaval eu realizei um sonho. Há 23 anos eu não curtia o Carnaval na rua. Aí tive a ideia de me fantasiar de palhacinha e foi uma delícia. Só memórias maravilhosas. Mas vamos combinar que nesse ano eu exagerei na dose [risos].
Mas conta sobre essa ideia... deve ter dado um trabalhão pra organizar isso e você ficar anônima no meio da rua!
Eu já tinha essa ideia na cabeça ha muito anos, mas sempre cantei na terça-feira de Carnaval. E eu nunca fiz antes da terça por causa da responsabilidade, né? Eu não ia sair na rua, na pipoca, com um Carnaval inteiro ainda pela frente. Então nesse ano, como teve o desfile no Rio, eu tirei a terça-feira para descansar. Falei com meus amigos, do meu convívio, e a gente resolveu abraçar essa ideia e ir pra rua. E aí a gente se dividiu pra organizar. Um foi falar com a costureira, a outra foi comprar óculos, meu maquiador pegou uma maquiagem à prova d’água, sabe? E aí marcamos todos na casa de um amigo em comum, um maquiava o outro. Um ficou palhaço lindo, outro ficou palhaço monstro [risos]. Chamamos de Operação Palhaço [risos]. A gente foi pra rua umas 15h e voltou 23h30. Foi massa, velho. Ninguém reconhecia a gente, os artistas passavam nos trios mandando beijos pros palhacinhos sem saber que era a gente [risos].
Como você falou há pouco, São Paulo descobriu o Carnaval de rua há pouco tempo. Alguma possibilidade de você cantar num Carnaval daqui?
Cê sabe que se tratando de música e Carnaval, as possibilidades são todas, né? Já cantei em Recife, que era em sonho. Fui pra Sapucaí. São Paulo é uma casa querida, que me recebe sempre muito bem. Existem milhões de possibilidades. Daniela Mercury fez uma apresentação que foi emocionante e foi inspirador ver aquela multidão atrás do trio dela. As possibilidades estão aí.
Seu mais recente trabalho é o acústico gravado em Trancoso. Já dá pra fazer um balanço desse trabalho depois de alguns meses?
Sim. A gente gravou em abril de 2016. E eu adorei fazer. Os arranjos desse disco são ótimos e a gente tratou o acústico como sonoridade e não como comportamento, sabe? Não foi aquela coisa de todo mundo quietinho, sentadinho... foi uma adequação que me deixou muito feliz. Como que vou fazer um acústico, eu, né [risos]? Foi bom porque teve uma personalidade e, do ponto de vista musical, eu adoro. Tem sido muito bom, meu público adora e repercute bem nos shows.
E como vai ser seu 2017?
Eu tô agora um pouco de férias, né... eu tiro férias quando meu filho está de férias e agora eu pego um descanso porque eu trabalhei muito no verão. Tem também o The Voice Kids rolando. Então agora é aquele momento de me reunir com a turma no estúdio, compor, experimentar sons, fazer umas coisas sem compromissos... eu não sei exatamente o que vou fazer agora, mas eu estou produzindo. Sempre sou assim: começo produzindo e a ideia aparece, vem a inspiração. Mas sempre produzindo, sem parar.
Fonte: Billlboard Brasil