Lançado em dezembro de 2016, o primeiro livro de Ana Carolina, Ruído branco, já gerou show – estreado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 27 de janeiro deste ano de 2017 e ora em turnê pelo Brasil – e, em 17 de março, vai dar origem a um disco da cantora, compositora, instrumentista, pintora e escritora mineira. Batizado com o (poético) nome do livro, tal como o show, o EP Ruído branco reúne músicas compostas por Ana a partir de poemas do livro. O rap A pele, a verborrágica Qual é? e a canção Velho piano integram o EP de Ana, completado com a declamação do poema Som (Ruído branco). Aliás e a propósito, o vídeo dessa (única) faixa declamada do EP Ruído Branco já está em rotação no YouTube desde a última segunda-feira, 20 de fevereiro.
Pronto para animar o Carnaval de Salvador (BA), o Psirico – grupo baiano de pagode liderado pelo exímio percussionista Márcio Victor – lança esta semana o segundo volume do álbum Ao vivo no ensaio do Psi. Composto por 17 músicas, o repertório do segundo volume inclui o recente single Cherecuchéco, arremessado em dezembro de 2016 nas plataformas digitais.
Disponível nessas mesmas plataformas desde 22 de fevereiro de 2017, o disco Ao vivo no ensaio do Psi vol. 2 traz músicas como Chupeta, Cordão cheiroso, Kika novinha e Periquita, além do sucesso Lepo lepo. Várias dessas 17 músicas – casos de Meu Psi, Mexe o balaio, Mulheres no poder e da recente Cherecuchéco – já integravam o repertório do primeiro volume, lançado em 20 de janeiro em edição digital.
Os estudantes de Letras da Universidade de Coimbra terão uma professora e tanto neste semestre. A cantora Adriana Calcanhotto foi convidada para ministrar aulas em formatos de palestras, ateliês e aulas abertas, para quem quiser se especializar em estudos artísticos.
A “masterclass” funcionará também como um intercâmbio cultural entre Portugal e Brasil. “O prestígio do percurso artístico de Adriana e a sua densa dimensão humana, cultural e cívica, facetas que motivaram o convite, contribuirão para ajudar a FLUC a revivificar os Estudos Brasileiros”, afirmou José Pedro Paiva, diretor da Faculdade de Letras da Universidade.
Já o coordenador da área de Estudos Brasileiros da Universidade afirmou que Adriana Calcanhotto “é uma cantora e compositora de perfil raro, que tanto devora o legado de Caetano Veloso como a poesia de Mário de Sá-Carneiro ou a prática performativa de Hélio Oiticica – sem esquecer o vasto acervo da música popular brasileira, de Dorival Caymmi à bossa nova e a Roberto Carlos, e tantos outros”, explicou Osvaldo Manuel Silvestre. “Faz todo o sentido que Adriana seja, por um semestre, professora convidada na FLUC, para podermos todos aprender com ela”.
Em uma coletiva de imprensa, a cantora afirmou que o Brasil tem muito a aprender com a Universidade de Coimbra. “Farei o necessário para inspirar estudantes brasileiros a se apaixonarem por transmitir conhecimento”, afirmou Adriana Calcanhotto em entrevista ao site RTP.
“O Brasil vive uma tragédia anunciada no que tange à educação”, destacou. A cantora afirmou que o ensino no Brasil vem perdendo muito há gerações, e que as políticas educacionais de Michel Temer ‘não dão sinais de melhora’”.
Adriana Calcanhotto deu sua primeira aula na Universidade nesta quarta (22), intitulada “Eu ando pelo mundo” (referência ao sucesso “Esquadros“). Nela, a cantora falou sobre seu percurso artístico, mas destacou que as demais aulas serão sobre “assuntos que gosta de estudar e de pensar, como a poesia brasileira e portuguesa e a alta poesia veiculada pela música – desde a Grécia até fenômeno que se dá no Brasil”, afirmou ao site RTP. Ao fim da aula, a cantora apresentou seu sucesso, “Devolva-me“.
A dupla João Bosco & Vinícius lançou, nesta sexta, uma parceria com o cantor Wesley Safadão. Pioneiros no sertanejo universitário, JB&V lançaram com Safadão a música “Precipício”.
Neste mix do sertanejo com o forró, “Precipício” traz em sua melodia os conflitos do sentimento, a dúvida do “Quero mas não quero não”, das contradições que o amor nos desperta. “Muitos vão se identificar com esta letra, afinal, só o tempo pode esclarecer as dúvidas que o coração nos causa, a vontade de sumir mas de ao mesmo tempo estar lá”, comenta João Bosco.
Guitarras marcantes e um delicioso embalo pop são características do novo single do cantor Claudio Costa, que chega aos principais serviços de streaming. “I’m gonna leave you” é uma balada de despedida e uma música de recomeço, daí seu clima alto-astral.
Gravado no Estúdio Montanha, o single é a primeira etapa de mais um novo ciclo na trajetória musical do cantor. Sem fazer parte de um EP ou álbum, o registro tem a finalidade de passar uma significativa mensagem:
“Eu escrevi essa música já a alguns anos, mas ela ficou ali guardada. Ela fala sobre como às vezes por mais que as coisas já tenham acabado, ainda ficamos presos a elas e o processo pode ser longo e dolorido até conseguir dar um ponto final dentro de si”, revela ele.
Apaixonado pela MPB e por rock n’ roll, Claudio Costa passou a infância ao som de Elis Regina e Black Sabbath. Graças ao gosto peculiar, ainda menino ganhou o primeiro violão, no qual aprendeu as primeiras notas para a futura carreira de sucesso. O instrumento foi tomando conta do tempo, do dia a dia do garoto e logo surgiram as primeiras composições.
Aos 20, Claudio já tinha sua primeira canção em uma novela da Rede Globo, ainda como compositor e guitarrista da banda Primadonna. Em 2013, depois de acompanhar o músico Gabriel, O Pensador em turnê na Europa, ele se jogou de cabeça na carreira solo. O primeiro passo foi uma temporada de shows em Nova York, para enfim lançar o EP “Saia de Mim”, com uma pegada pop e rock. A boa recepção à música fez emplacar a faixa “Moderninha” na trilha sonora de Malhação - Seu Lugar no Mundo.
De lá para cá, Claudio esteve como guitarrista acompanhando grandes artistas, pelo Brasil e o mundo. O cantor também faz parte do projeto “Claudio Costa e a Dose”, que apresenta releituras de clássicos nacionais e internacionais, misturando o que há de melhor no mundo do pop rock em um clima recheado de energia.
Para dar o pontapé inicial a esta nova fase, o cantor gravou “I’m Gonna Leave You” no Estúdio Montanha. Com sede no Rio de Janeiro e visão de mercado internacional, o espaço aparece como um selo de visão única no Brasil. Dirigido por Paulo Lira e Mayam Rodilhano, o Montanha também é um selo trabalha o desenvolvimento de carreira de artistas desde a parte editorial até a distribuição das músicas.
Com mais de seis milhões de views no Youtube apenas com canções autorais voz e violão, a cantora Ana Muller lança seu primeiro trabalho de estúdio. Homônimo, o EP contém cinco canções divididas entre inéditas e outras bastante reconhecidas pelo fiel público da artista.
O registro procura dar outra perspectiva para as letras pesadas e a exposição sentimental da cantora, usando ritmos animados em momentos mais emocionais ou melodias leves junto a letras pesadas. Todas as canções são feitas e cantadas em primeira pessoa, contando experiências próprias e fazendo uma espécie de trilha sonora do seu próprio processo de amadurecimento e fechamento de ciclo. O decorrer do EP conta uma história de amor, reconhecimento, brigas e o fim, além de todo o aprendizado com isso.
“Não Vá Embora”, faixa que abre mostra alguém que se apaixona. Esse amor cresce em “Me Cura”, single do disco e com mais de 150 mil audições no Youtube e Spotify, onde a artista mostra que o amor ajudou ela em uma depressão. “Escopo” inicia o processo de fim de relacionamento, onde a artista olhar mais profundamente sobre si, em busca de um pouco de maturidade e auto conhecimento. Com mais de 2,5 milhões de views, “Deixa” ganha versão de estúdio pela primeira vez ilustrando uma esperança pós termino, a dúvida entre o amor e o seguir em frente. E assim acontece em “Árvore Seca”, onde Ana consegue entender e amadurecer, deixando para trás quem lhe fez mal.
“Que faça sentido e que faça sentir, foi feito com muito suor e muito amor, não só da minha parte, mas de gente que é muito importante pra mim”, comenta a cantora.
A produção é de Felipe Gama, com Co-produção musical de Thiago Perovanono, no estúdio Gama Sounds, em Vitória-ES. O disco tem ainda Henrique Paoli na bateria, Renato Furtado no ukulelê e Thiago Perovano nos violões, guitarras, contrabaixo e teclados adicionais.
Sobre Ana Muller:
Criada ao som do rock brasileiro oitentista e da explosão da mpb nos anos sessenta e setenta, Ana Muller é uma filha da geração Youtube – veículo que, ao lado do Soundcloud, começou despretensiosamente a postar suas músicas e viu muita gente se identificar e compartilhar seus momentos emocionais em tempo real.
A cantora é natural de Ibatiba-ES e compõe desde criança. É ex-vocalista da banda Aurora, uma dos grupos vencedores da 5º edição de um dos festivais mais importantes de música independente capixaba, o Festival Prato da Casa. Desde 2015 se apresenta solo em shows pelo Brasil somente cantando canções autorais, lançando em 2017 seu primeiro EP.
Elas estão de volta. Após estourarem internacionalmente em 2014 e serem consideradas um dos grandes lançamentos mundiais daquele ano, ABRONCA volta com o single “Chegando de Assalto” misturando trap, funk e rap. O grupo anteriormente conhecido como Pearls Negras é o novo integrante do casting do selo Heavy Baile Sounds.
O nome surgiu em um brainstorm entre as meninas do ABRONCA, integrantes da agência Relâmpago e a empresária Ana Paula Paulino, responsável pelo direcionamento da carreira da MC Carol desde o reality Lucky Ladies e que agora também comanda o novo grupo através da Ubuntu Produções.
“Um novo nome tinha que surgir para seguirmos com uma outra cara. Nós sabíamos que estávamos mais maduras e que precisávamos fazer algo diferente agora”, conta Slick. “Mudaram muitas coisas: nosso modo de escrever, nosso comportamento, nosso jeito de trabalhar e até as nossas vozes!”, reflete.
Formada por Slick, Jay e Mari, a girl band de rap é fruto da comunidade do Vidigal. As meninas, que foram descobertas em um sarau por um produtor inglês, se conheceram nas oficinas de arte do grupo teatral Nós do Morro. Em 2014 elas lançaram a mixtape “Biggie Apple” no exterior, seguida de uma tour pela Europa, incluindo o hit “Pensando em Você”. Mas muito mudou para elas desde então.
“A arte sempre nos transforma, continuamos com o teatro em nossas vidas. Mas a música é algo inexplicável, acho que desde que nos descobrimos no ramo do rap não pensamos mais em outra coisa. Respiramos o rap, vivemos o rap, e queremos levar a música pra vida e nos mantermos com ela”, explica Jay.
O single do ABRONCA tem produção assinada por Leo Justi e é lançado pelo selo criado por ele, o Heavy Baile Sounds. O label - que se originou do coletivo e festa de mesmo nome - lançou “Bandida”, debut da MC Carol e álbum de destaque no ano passado.
A nova versão do grupo vem cheia de pressão e representando a força da mulher no hip hop. “Com toda certeza, somos feministas! Toda vez que vamos numa roda de rima ou subimos no palco pra cantar e passar nossa mensagem, estamos defendendo a mulher no rap”, conclui Jay.
É o primeiro single, que virá com a continuidade de um EP, com previsão de lançamento para março de 2017. O primeiro projeto solo da cantora foi gravado na estúdio Gramofone em Curitiba e conta com a produção musical de Stéfanos Pinkuss e pelo também guitarrista carioca Caesar Barbosa. Dani é conhecida por muitos pelo trabalho recentemente desenvolvido com o Donna Duo, com o qual foram conquistados diversos festivais pelo Brasil, o reality show Breakout Brasil do Canal Sony, que aconteceu ao final de 2014 e o êxito em seu financiamento coletivo via Catarse no início de 2015.
A dança foi a forma escolhida pelo grupo Xóõ para expressar o cansaço desta geração.
Formado por integrantes das bandas Ventre, Lupe de Lupe, SLVDR e Baleia, os músicos lançam o clipe para a canção “Cansado”, presente no disco de estreia, lançado em 2016. O trabalho é uma realização de André Magalhães, Eduardo Kozlowski, César Augusto Moura, Pedro Waddington e Pedro Bomfim Fontoura (Academia Internacional de Cinema). A performance solo de Pedro Gabriel Bomfim (Pegê) acompanha o crescendo da faixa, que vai de guitarras arrastadas ao completo caos musical em questão de segundos.
A dança de Pegê foi um improviso. Como um grito, ela cresceu com a música. Não foi pensada, apenas sentida. A ideia do vídeo partiu de Pedro Fontoura, que após ouvir bandas da cena independente, sentiu vontade de colaborar de alguma maneira com o cenário nacional. Nesse caminho, ele convidou Pegê para participar e, assim, ter um registro de sua performance.
“O desenvolvimento do clipe foi muito intuitivo, eu apresentei esses músicos pro Pegê e deixei a seleção a critério dele. Depois de escutarmos o álbum Xóõ, conversamos um pouco sobre ritmos e foi uma surpresa muito agradável, porque ele interpreta a música inteiramente pelos movimentos, e isso me ajudou muito na hora de pensar visualmente. Ele ia me dando toques dos momentos da música onde haviam quebras de tempo, viradas e ia sugerindo. Com isso em mente, preparamos tudo e deixamos ele livre pra dançar a música”, conta um dos realizadores, Pedro Bomfim Fontoura.
A recepção do Xóõ para o vídeo não poderia ser melhor. Hugo Noguchi, baixista do grupo, elogia a conexão entre música e movimentos corporais realizada por Pegê:
“Pra gente, é interessantíssima essa conexão que reforça e ressignifica a canção. Tem uma sugestão de ‘início’ e ‘fim’ que acho bem interessante: após o começo de um dia (ou um nascimento), existimos, nos movemos, sentimos, pensamos de forma muito intensa (muito mais do que nosso cotidiano nos permite notar) até o fim do dia (ou a morte). Isso tudo com nosso corpo absorvendo e reagindo a toda essa inquietação e confusão, incorporando a tensão que é viver em uma sociedade em que a falta de sentido é um imperativo. Enquanto a gente implora na superfície por qualquer motivo, prazer ou recompensa que torne nossas vidas menos fúteis e mais significativas”, explica.
Na medida que Pegê dança como se nascesse e morresse durante a canção, a fragilidade da atual geração também é exposta na letra: “Todos andam tão animados/ Que você não vai perceber/O quanto eles perdem”. O cansaço abordado na letra da música é o resultado de uma reflexão sobre a indisposição atual, como explica o Noguchi: “‘Cansado’ é o momento do disco que trata especificamente desse mal-estar, dessa falta de sentido atuais traduzidos nesses signos: amigos da internet, nova MPB. Tanto que o tempo verbal que ele fala é no presente, em toda a música.”
Para o futuro, o grupo planeja o lançamento de um novo disco, que está em fase de pós-produção. “Deve sair esse ano junto com muita polêmica, graças à deusa. A gente adorou montar o show desse primeiro disco, tá bem divertido tocar com com a galera (eu pessoalmente amo tocar com dois baixos), então se tiverem convites a gente quer tocar por esse Brasilzão afora também!”, insinua o baixista.
O Xóõ é formado por sete integrantes conhecidos da cena independente: Bruno Schulz (produtor e músico, conhecido pelos trabalhos com Cícero), Cairê Rego e Felipe Pacheco (Baleia) e o mineiro Vitor Brauer (Lupe de Lupe). Completam o time Gabriel Ventura (Posada, Cícero, Duda Brack), Hugo Noguchi (SLVDR, Posada) e Larissa Conforto (Cheddars), os três também integrantes da Ventre.
O encontro entre os músicos foi registrado no estúdio compartilhado Swing Cobra, localizado em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. A ficha técnica do disco mostra o quanto os oito integrantes da Xóõ se dedicaram para produzir um trabalho de que orgulhassem. Todos da banda participaram na composição das músicas e na produção, já a pós-produção ficou com Bruno Schulz e Felipe Pacheco; enquanto Hugo Noguchi foi responsável pela edição e a masterização foi realizada por Matheus Gomes, no estúdio Magic Master.
O resultado foi o disco de estreia do Xóõ, autointitulado. Gravado em 168 horas, ou seja, em uma semana, o trabalho lançado em 2016 figurou em diversas listas de melhores do ano em sites especializados, como Tenho Mais Discos Que Amigos, Alt Newspaper, RockInPress, entre outros.
No “8”, cabe o infinito. É desafiando o senso matemático que o cantor e compositor carioca Mayam lança seu segundo álbum contendo os singles “Sua guarda”, “Azul blasé” e “De Nós Dois” (com participação especial de Maria Gadú) e outras cinco faixas inéditas. O lançamento é do selo Montanha, tem a produção assinada pelo próprio Mayam com Gabrieu Mello (Playmobille) e masterização no Abbey Road Studios. “8” já está disponível nos serviços de streaming.
O novo disco chega dez anos depois do primeiro registro lançado por Mayam, ainda adolescente, pela Trama. Este é um trabalho de ruptura e de autodescoberta. Pop e contemporâneo, o álbum trabalha o caminho para a maturidade e declarações veladas de amor, sem deixar de lado discursos menos românticos, como os debates acalorados na internet. Entre um disco e outro, Mayam se redescobriu como compositor em um processo que, embora tenha acontecido em outro compasso, agora revela uma voz mais própria e pessoal.
“Em 2009, gravei um EP com algumas músicas que estão no álbum, mas optei por não lançar. Depois, o disco em si estava finalizado em 2013, mas algo não pareceu certo naquele momento para o lançamento. E ficou claro que esse processo só estaria concretizado com a participação da Maria [Gadú] e tudo de bom que essa parceria já está trazendo. Acredito que só agora cheguei ao ponto de maturação que eu queria atingir para esse trabalho, em termos de produção e engenharia de som, algo que eu buscava desde o início. Não considero 10 anos um período demorado, mas sim o tempo que eu precisava para esse amadurecimento”, analisa Mayam que, aos 26 anos, soma surpreendentes 15 de carreira.
O tempo foi principal catalisador desse processo. Entre 2006, quando as primeiras músicas foram compostas, e 2016, quando finalmente ganham vida, as experiências pessoais e dois encontros musicais foram decisivos para determinar a identidade do disco. Um deles foi a voz de Maria Gadú, que veio para complementar “De Nós Dois”. Já o outro foi Gabrieu Mello, tecladista da banda carioca Playmobille. Em “8”, ele foi fundamental como co-produtor, garantindo para o trabalho a sonoridade que Mayam idealizava desde o começo. O resultado é uma obra que revisita o passado com a reverência e a tranquilidade de quem segue em frente, mas sem perder a graciosidade de quem não tem receio de expor o que sente.
“A paz”, “De nós dois” e “As horas passam” são resquícios desse tempo, que o próprio compositor classifica como sua “fase mais honesta”, em que as dores dos amores da juventude eram vividas pela primeira vez e se manifestavam de forma muito mais crua e intensa na escrita. Ao mesmo tempo, “Sua guarda” e “Outro tempo” são exemplos das músicas mais recentes, já influenciadas pela parceria com Gabrieu e que trouxeram um novo fôlego para o disco. No fim desse processo de reescrita e rearranjo de canções novas e mais antigas, sobraram oito faixas, um número que traz também o simbolismo do infinito. Aproveitando a inspiração científica de “As cordas”, a primeira faixa, todo o álbum foi envolto pela aura da vastidão do desconhecido.
“Sempre fui entusiasta de teorias, digamos, não muito convencionais - como viagem no tempo, alienígenas do passado, a dobra do espaço-tempo, teoria da relatividade e física quântica. Sempre tive a sensação que as músicas do disco estavam tocando em outro lugar - um outro planeta, um lugar que não esse. Pesquisando na internet, encontrei uma imagem que representava perfeitamente aquilo que eu imaginava. Foi feita por um artista polonês, Michal Karcz, que faz justamente esse tipo de ilustração em computação gráfica para livros e discos e isso me cativou totalmente. Ele conseguiu retratar exatamente o mundo que eu imaginava, em que havia duas luas que, em determinado horário do dia, se alinhavam e formavam um oito no céu. Isso faz referência ao infinito, o que dimensiona o universo, que pra escala humana é quase incompreensível”, explica.
Para dar forma ao disco, Mayam assumiu voz, guitarra, violão e baixo em algumas faixas, com Gabrieu nas teclas, synths, efeitos, vocais e baixo. A bateria foi assinada por Bicudo, Leleu e Tomaz Lenz, e Aureo Gandur e Marcos Maia se revezando no baixo. Completa as participações especiais o cello Frederico Puppi.
“8” é o primeiro lançamento de álbum do Montanha, selo independente fundado pelo próprio Mayam em parceria com o produtor Paulo Lira (Miguel, Weezer, 3OH!3, New Radicals) e braço de editoração, distribuição, mixagem e produção musical.
O lançamento de um EP geralmente significa o início de uma nova jornada. Para a banda Lítio, formada em 2014, não só significa algo novo, mas também o retorno à estaca zero. O número, não à toa, dá o título do trabalho de estreia da banda. Ugo Valle (voz, guitarra e efeitos) e Daniel Stob (pad eletrônico, sintetizador) formam a identidade da Lítio, que evoca a sonoridade do indie eletrônico e se influencia também por trilhas sonoras de filmes e games. “Zero” é fruto de todas essas referências e conta com a produção de Alan Lopes (Planar, Medulla).
O encontro com Alan tornou o que era projeto uma realidade, por meio da produtor Dannis Heringer. O trabalho começou a ser criado no segundo semestre de 2015, mas para chegar a esse ponto, a banda teve que lidar com a limitação de instrumentos e de integrantes - afinal, eram um duo.
“Aos poucos fomos investindo na banda, compramos sintetizadores, sequencers, pads etc. O nome ‘Zero’ simboliza o marco-zero do Lítio, recomeço e as mudanças internas da banda, com marcos na vida pessoal de cada membro, mudança no coletivo e gênero musical com novas influências e referências”, explica o vocalista Ugo Valle.
As referências do Lítio não ficam apenas na música - elas também estão presentes na capa do EP “Zero”. Repleta de simbolismos, alguns mais explícitos e outros subjetivos, a ideia é apresentar um indivíduo no topo de uma montanha, simbolizando um olhar externo sobre o mundo, como se representasse uma nova perspectiva. Ugo detalha os significados por trás da capa: “O topo da montanha também representa o fim de uma jornada e o olhar reflexivo em relação ao caminho percorrido, enfatizando a ideia de que o mais importante não é o destino e sim a jornada”.
A diversidade racial e sexual também foi pensada no momento da produção da capa. Isso porque a pessoa que ilustra o EP é um indivíduo que não se restringe a um gênero ou a uma identidade. “Pode ser homem, mulher, hétero, homossexual, bissexual, branco, negro, etc. Os temas apresentados nas músicas do EP são situações que qualquer pessoa pode vivenciar. Por isso, a ideia de não se restringir uma representatividade”, explica Ugo.
A capa foi idealizada para produzir uma sensação de imensidão e isolamento, ao mesmo tempo que o círculo que envolve o grafismo simboliza a sensação claustrofóbica de estarmos em uma espécie de domo ou cúpula, com uma liberdade controlada. “Por mais imenso que o mundo seja, vivemos presos no nosso mundo particular, distantes das outras pessoas, distantes de nós mesmos”, analisa.
O EP “Zero” conta com a participação do produtor musical e instrumentista Patrick Laplan (Rodox, Eskimo) e com a produção de Alan Lopes. A gravação aconteceu no estúdio Melhor do Mundo, com mixagem de Pedro Garcia (Planet Hemp) e masterização de Chris Hanzsek (Soundgarden).
Prestes a lançar o primeiro álbum, a banda mineira Dom Capaz dá uma amostra do que vem por aí com o vídeo ao vivo para a inédita “Atalho”. Primeiro single do disco "Cadeira Vazia" que será lançado em breve, a música foi escolhida pela sua rusticidade e crueza. Planejamento antigo, o álbum era um sonho a ser realizado pela banda que já lançou um o EP “Meio Tanto de Atenção (2009)”, e os singles “Repetir” (2011) e “Sala Ao Lado (2012).
Com formação recente, "Cadeira Vazia" vem para coroar uma união que deu certo. “A gente sempre quis gravar um disco cheio, mas nunca tivemos tempo e orçamento pra isso. Dessa vez deu certo, e a gente tá pondo em prática. O Vinicius Fontoura já estava no Dom Capaz desde 2012 como baterista. Mas quando lancei disco solo, o Felipe Maciel entrou na bateria. Quando voltamos com o Dom Capaz, o Vinicius foi pra guitarra e sintetizadores, e em 2016, chamamos o Pedro Borges, no baixo”, explica Lucas Paiva.
O vídeo foi realizado em parceria com o Porão Estúdio, que ficou responsável pela captação de áudio e imagem, enquanto a edição foi feita por Lucas Paiva, que também é guitarrista e vocalista da banda. O Dom Capaz também é formado por Vinicius Fontoura (sintetizador), Felipe Maciel (bateria) e Pedro Borges (baixo).
Com lançamento marcado para o próximo mês, o disco "Cadeira Vazia" contará com 10 faixas e marca uma nova fase na carreira do grupo.
A cena independente carioca não para de revelar novos nomes. Entre eles, está a banda Joana de Barro, que une influências que vão do Clube da Esquina ao funk, do hardcore ao afroreggae. A sonoridade do grupo obedece à fluidez do tempo em que vivemos. Toda essa liberdade musical se torna pública com o EP “Mió”, já disponibilizado nas principais plataformas de streaming. Com inspiração na poesia pós-moderna de Manoel de Barros, os rapazes suburbanos de Campo Grande mostram que a Zona Oeste é um campo fértil.
A poesia livre é a base das composições da banda, que são apresentadas ao público nas cinco faixas do EP de estreia “Mió” de forma harmônica e lírica. É na mistura de densidade e variedade rítmica que se encontra a influência de Manoel de Barros: sem seguir fórmulas fixas, os integrantes preocupam-se em integrar novidades nas composições, tentando gravar em cada uma a forma mais refinada para transmitir a mensagem de Bruno Barbosa (violão), Gênesis Chagas (bateria e voz), Lucas Barata Machado (contrabaixo), Marcelo Morgado (voz) e Rogério Costa Jr. (guitarra e sintetizador).
Com participação de Caio Otero (conhecido por seu trabalho nas bandas Colombia Coffee e A Página do Relâmpago Elétrico), e de Damina Sadili nos backing vocals, as cinco faixas do trabalho refletem o percurso realizado pelo grupo,
em
uma síntese deste longo período embrionário. O vocalista Marcelo Morgado define as canções como "um relato racional do lúdico nostálgico das serras e dos vales dos comprimentos dos morros e quintais de subúrbio, saudade de vó e amor de amigo".
Em “Lona e Balão”, o compasso arrastado repleto de viradas na bateria se reúne com à letra soturna e reflexiva. Em “Iluminar”, como não poderia deixar de ser, a esperança surge no eu lírico que renova as expectativas para o futuro, reunindo diversas influências do rock experimental. A balada “Ibicuí” traz um solo de guitarra quase ‘Claptoniano’, que contrasta com a levada das outras faixas do trabalho. “Catiara”, penúltima música do EP, traz uma áurea circense, poética que usa palavras como alegorias para a melodia gentil que se apresenta no picadeiro. A última, “Tudo ou Nada”, é dançante e influenciada pelo afrobeat, encerrando a obra ao provar que Joana de Barro é uma banda que não teme ousar: transita por diversos estilos e mostra que, como diz a música, “às vezes é preciso mergulhar”.
O "Mió" vem como uma brisa fresca em uma tarde de verão na capital fluminense. Pela facilidade em transitar pela música popular, rock e jazz, a sonoridade da Joana de Barro é uma válvula de escape.
O pop carioca ganha reforços com a nova canção de Bruno Nadav. O jovem cantor apresenta seu single, “Encontrar você”, e aposta em influências do R&B, hip-hop e black music para construir uma melodia dançante. A música já está nas principais plataformas de streaming e vai integrar o EP de estreia do artista, previsto para 2017 via selo Montanha.
“Encontrar você” vem para somar ao primeiro lançamento de Bruno Nadav, a canção “Tão só”. Se o single inicial apostou no romantismo e nos acordes do violão, a nova música chega com uma sonoridade mais pop e calcada em linhas de baixo e beats que inspiram a dançar.
Talento de uma comunidade artística e alternativa no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, Bruno Nadav pode estar lançando seu EP de estreia, mas a convivência com a música começou bem antes. Apaixonado pela black music, ele encontrou inspiração em vozes marcantes, de Stevie Wonder a Brian McKnight e Boyz II Men.
"Mesmo como apenas um ouvinte, a música foi cada vez mais se tornando parte da minha vida, até ganhar meu primeiro instrumento, um violão, aos 14 anos. Logo eu quis aprender a tocar outros instrumentos e me apaixonei pelo contrabaixo”, recorda Bruno, que já aos 15 anos participava de um coral de música gospel, origem que compartilha com muitos nomes do R&B.
Não por acaso, a música tem importância vital para Bruno, que na infância foi diagnosticado com Coreia de Sydenham e febre reumática, condições que afetam a coordenação motora, o coração e provocam fortes dores nas articulações. Por conta disso, dos 6 aos 10 anos, ele precisava se locomover com o auxílio de uma cadeira de rodas. Mal podia imaginar que aos 17 estaria dançando ao som do hip-hop e fazendo street dance. Foi ali que a black music ganhou a dedicação do cantor e atualmente é um dos alicerces de seu trabalho.
Hoje aos 26, Bruno Nadav une em suas canções a entrega emocional do R&B com a malemolência do carioca way of life. Por isso, elas são pensadas para fazer dançar. Em “Encontrar você”, é possível conhecer a faixa que mais carrega essa sonoridade, inspirada por cantores como Jeremih.
Quem assina a produção são Paulo Lira e Mayam Rodilhano. O primeiro tem no currículo o trabalho no Estúdio The Lair Recording, em Los Angeles, onde teve a oportunidade de estar em sessão com grandes nomes de diversos gêneros, como Miguel, Weezer, 3OH!3, New Radicals, Rocco de Luca e Hillary Duff. No Brasil, o profissional trabalhou com a brasiliense Scalene nas gravações do elogiado disco “Éter”, vencedor do Grammy Latino em 2016. Já Mayam fez parcerias com artistas do cenário nacional e auxiliou nomes como Maria Gadú, Michael Sullivan, Rafael Almeida, Caio Sóh, Playmobille e outros.
Paulo e Mayam estão à frente do selo Montanha, braço do estúdio de mesmo nome que surge com uma visão única no mercado musical brasileiro, trabalhando o desenvolvimento de carreira de artistas desde a parte editorial até a distribuição das músicas.
Dois funks brasileiros estão entre as músicas mais tocadas em Portugal em paradas de streaming. "Deu onda", de MC G15, e "Olha a explosão", de MC Kevinho, figuram entre as cinco mais executadas no YouTube e entre as vinte do Spotify no país europeu.
"Olha a explosão" está em 3º lugar e "Deu onda" em 4º em Portugal no YouTube, segundo o ranking mais recente divulgado pelo Google, relativo ao período entre 3 e 9 de fevereiro.
No Spotify português, "Deu onda" ficou em 10º lugar na segunda-feira (13), enquanto "Olha a explosão" estava em 16º neste dia. O funk de G15 chegou ao pico de 7º lugar em Portugal no dia 21de janeiro. O de Kevinho está atualmente em sua melhor posição portuguesa.
No Brasil, "Deu onda" ocupou a primeira posição de streaming durante cerca de um mês, entre a virada do ano e o final de janeiro. Atualmente, é a 4ª mais tocada, duas posições abaixo do hit de Kevinho entre os usuários brasileiros do Spotify.
No ranking mundial do YouTube, "Deu onda" chegou a aparecer em 3º lugar, e hoje está em 13º. "Olha a explosão" está em sua melhor posição no YouTube no mundo: 19º, no ranking relativo à semana de 27 de janeiro a 2 de fevereiro. A primeira tem 171 milhões de views no total, e a segunda tem 116 milhões. As duas faixas foram produzidas pelo mesmo DJ.
O cantor mineiro Momo lança, em primeira mão para a Billboard Brasil, o clipe de “Pensando Nele”, nesta quinta-feira (16/02).
A faixa faz parte do álbum Voá, lançado neste mês e produzido por Marcelo Camelo em Portugal, onde o cantor mora atualmente. Este é o quinto disco de Momo.
Dirigido por André Tentugal, o clipe é minimalista e foca na interpretação de Momo da faixa romântica.
O cantor Lucas Lucco estreia nessa sexta-feira (17) o single “Tô Fazendo Amor”, primeira faixa do seu novo trabalho de inéditas. Gravado na sala de sua casa, em clima intimista, o trabalho incluirá cinco músicas, que serão lançadas aos poucos nas plataformas digitais, incluindo videoclipe no canal do artista no YouTube.
Com faixas autorais e o romantismo característico do cantor, “#Ensaios” ficará completo no dia 17 de março. “Fiz tudo com muito carinho, na minha casa mesmo, e cuidei de cada detalhe junto com a minha equipe. Espero que todos gostem”, comentou o cantor nas redes sociais.
O festival MEO Marés Vivas anunciou hoje mais um nome para o seu cartaz: o brasileiro Seu Jorge, que subirá ao palco no dia 14 de julho.
Seu Jorge irá estar no festival Super Bock Super Rock, no dia seguinte, para apresentar The Life Aquatic: Tributo a David Bowie.
O músico junta-se, assim, aos já confirmados Scorpions, Agir, Miguel Araújo, Bastille e Sting no cartaz do festival de Gaia.
Os bilhetes para o MEO Marés Vivas já se encontram à venda em todos os locais habituais, a preços que vão dos 35 euros (diário) aos 60 euros (passe geral).
Após 27 anos à frente da extinta banda baiana Asa de Águia (1987 – 2014), o cantor, músico e compositor soteropolitano Durval Lelys está em carreira solo desde o fim do Carnaval de 2014. Mil sorrisos, o álbum de músicas inéditas ora lançado pelo artista, é o segundo título da discografia solo de Lelys. Gravado no estilo do anterior Meu verão (2014), Mil sorrisos tem a participação do percussionista baiano Marcio Victor na faixa O verão chegou.
Em Mil sorrisos, Lelys dá voz a músicas como Amor pirata, Barraca de praia, Bronzeador, De volta pra farra, Mais um lance, Trancoso e Vem pra Bahia. Pelos títulos das músicas, já para perceber a linha pop carnavalizante de verão seguida por Lelys em Mil sorrisos, disco feito com a ambição de tentar alegrar a folia de Salvador (BA) e, sobretudo, de fazer o cantor alçar voo firme como nos áureos Carnavais do Asa de Águia.
Embora ofuscada por essa carnavalizante estética rítmica, a obra autoral de Lelys inclui canções de beleza melódica como Não tem lua e Porto Seguro, ambas lançadas pelo Asa de Águia no álbum Se ligue (1992). Porto Seguro, aliás, ganhou a voz de Elba Ramalho já em 1993. Não tem lua foi gravada pelo cantor carioca Mariano Marovatto em disco de 2011.
Bell Marques saiu do Chiclete com Banana no Carnaval de 2014, após 32 anos no posto de vocalista do grupo soteropolitano, mas parece que o Chiclete com Banana ainda não saiu totalmente do cantor e guitarrista baiano nascido em Salvador (BA) em 1952 com o nome de Washington Marques da Silva. Pelo menos é a impressão deixada pelo single Vou te amar o ano inteiro, lançado ontem, 10 de fevereiro de 2017, nas plataformas digitais.
Composta por Tierry Coringa e Magno Santana, a música foi gravada por Bell com arranjo que evoca o estilo agalopado de várias gravações do Chiclete com Banana. De todo modo, o refrão-chiclete "Eu vou te amar o ano inteiro / Menos fevereiro, menos fevereiro" é explosivo e tem tudo para ajudar a performance de Bell no Carnaval de Salvador neste ano de 2017. Aliás, consta que o abadá mais caro é o dos blocos puxados por Bell Marques, que, finda a folia, planeja gravar DVD solo com repertório voltado para o universo do forró.
Dois dos nomes que mais dominam o Brasil Hot 100 se juntaram para uma parceria inédita. Wesley Safadão e Marília Mendonça lançaram a faixa “Ninguém É De Ferro” nessa quarta-feira (08/02).
A música chega acompanhada de um clipe dirigido por Alex Batista. No vídeo, os dois aparecem gravando a música no estúdio, enquanto alguns trechos da letra são destacados na tela.
Criolo não tem medo de se reinventar. Menino prodígio do rap, começou a se apresentar ainda na adolescência e, nos últimos anos, foi alçado ao reconhecimento nacional e internacional, muito por conta de seu elogiado álbum Nó na orelha, onde explicitou suas referências de MPB e soul, entre outras. Nesse meio tempo, deixou de ser o Criolo Doido e se associou a projetos inusitados para um nome do rap, como foi o caso da turnê e disco “Viva Tim Maia!”, ao lado de Ivete Sangalo.
Após o bem recebido Convoque Seu Buda, o artista regravou seu álbum Ainda Há Tempo, lançado originalmente em 2006. Dez anos depois, algumas letras foram alteradas para a nova gravação – destaque para “Vasilhame”, que trocou o “traveco” de um dos versos em respeito à comunidade trans. Essa faixa, com produção de Tropkillaz, um dos nomes quentes na nova geração de beatmakers, é apenas um dos exemplos da sonoridade repaginada do álbum.
E Criolo encerrou 2016 como um dos nomes na coletânea Se assoprar posso acender de novo, CD e DVD que reúnem nomes como Ney Matogrosso e Liniker apresentando canções inéditas de Adoniran Barbosa.
Agora, ele se prepara para subir novamente ao palco do Lollalpalooza Brasil, que acontece em São Paulo em 25 e 26 de março. Criolo conversou com o Tenho Mais Discos Que Amigos sobre os trabalhos mais recentes, o show no Lolla e o cenário rap nacional. Confira abaixo!
TMDQA!: O seu último disco na verdade foi um relançamento, com algumas letras que você optou por alterar. Apesar de ser originalmente de 2006, algumas delas chamam atenção por terem uma relação clara com o que passamos hoje, como por exemplo “Chuva Ácida”. Como foi pra você revisitar esse trabalho depois de tanto tempo? Esse processo de recriação mudou o modo você pensa suas novas composições, daqui pra frente?
Criolo: Não sei se vai chegar a isso. Esse relançamento foi mais uma celebração de um caminho, de 10 anos. Sem falar que até chegar nesse ponto, em 2006, já eram 4 anos trabalhando esse disco. A ideia era só um show, eu e Dan Dan [MC que o acompanha nos palcos] sempre falamos de fazer alguma coisa quando esse disco chegasse a uma década, pra não passar em branco. Mas todos com que a gente comentava dessa ideia adoravam, e aí foi ganhando força, graças a todo mundo que se envolveu nesse projeto. E aí foi somando convidados, produtores, todo mundo celebrando.
TMDQA!: Um dos seus lançamentos mais recentes foi a versão de Até Amanhã, no disco que homenageia Adoniran Barbosa.
[Começa a cantar] Até amanhã, durma bem, até amanhã!
TMDQA!: Nossa, só de começar já toca a música toda na cabeça, ela gruda! (Risos) Mas é uma pegada diferente do que você geralmente faz no seu trabalho autoral. Você tem conseguido trilhar bem essas duas vertentes, como vimos no “Viva Tim Maia!”.
Criolo: Ah, mas isso tudo aí é música brasileira. Eu sempre ouvia minha mãe ouvindo essas coisas. O pessoal acha que só porque o cara é do rap que não ouve outros ritmos, que não curte o samba, o rock, e isso não é verdade.
TMDQA!: Pois é, mas de uns tempos pra cá a gente vê nomes que antes eram restritos a essa cena ganharem espaço e projeção até no meio mais tradicional do que é entendido como “Música Popular Brasileira”. Será que isso não marca uma mudança na percepção do que é o artista de rap?
Criolo: Olha, só pra quem não vive o rap. Porque do olhar de quem vive o rap, isso sempre foi uma realidade. Pra nós isso é muito natural. O produtor pesquisa músicas do Brasil todo e de fora também. Tem muita riqueza de pesquisa musical nesse meio. Vou te falar, eu morava num lugar que eram cinco, seis barracos, tudo junto. Ali a gente ouvia até o que não queria ouvir (risos). Essa pelo menos foi a minha realidade. Tinha vizinho com o radinho ligado ouvindo suas músicas lá da Bahia, do sul, de São Paulo, do interior não sei de onde. E é assim, você já cresce nessa pluralidade.
TMDQA!: Mas falando da parte menos otimista: a gente tem caminhado para uma polarização política e social muito forte, e não apenas no Brasil. Como o rap sempre foi uma linguagem muito questionadora, você acha que existe um papel importante pra ele na resistência a isso tudo?
Criolo: Mas o rap é assim desde que ele nasceu. Não precisou ninguém dar esse papel pra ele, foi natural. Ele já nasceu dividindo inquietações, propondo diálogos. E essa polarização sempre existiu, só que agora, com esse fenômeno da comunicação e da tecnologia, o que acontece é que se encurtam as distâncias das histórias. O rap se alimenta das coisas em que acredita, as boas e as ruins.
TMDQA!: Ainda nesse aspecto mais político do discurso, o graffiti é uma cultura por si só, mas integra o universo do hip hop. O que você tem pensado sobre o debate que tem acontecido sobre essa forma de arte, principalmente com o que tem ocorrido em São Paulo?
Criolo: Isso aí é história antiga. Todo jovem que se expressa é visto de forma diferente. Imagine então aquele que deixa na parede as suas ideias. Isso é muito forte. Mas o que vale é questionar que ambiente vamos criar para uma nova geração que vive nesse momento em que ninguém pode se expressar dessa forma. O que vai reverberar daqui a cinco, até três anos pra esses jovens. Porque antigamente você sentia as mudanças num espaço de tempo maior, agora essa mudança de percepção é muito mais imediata. Mas eu acho de uma beleza e de uma importância tão gigante, é ter coragem de ser expressar, isso é maravilhoso. Mas o que a cidade te dá em troca, sabe? O que você ganha como cidadão? Qual é o seu retorno?
TMDQA!: Falando em retornos e mudando de assunto: você já é um veterano do Lollapalooza, mas acredito que hoje volte com uma outra perspectiva, até porque você e o festival chegam em 2017 com uma bagagem bem mais expressiva. Como você acha que vai ser essa volta? Está empolgado?
Criolo: Nossa, demais! Não vejo a hora de chegar esse dia, tanto aqui quanto em Buenos Aires.
TMDQA!: Exatamente, depois do Lollapalooza Brasil, você vai tocar na edição argentina. Alguma coisa especial planejada pros hermanos?
Criolo: A gente vai chegar lá com a melhor energia possível, dentro de um ambiente mágico que se cria, que é o que acontece quando se sobe no palco. Ele é a soma da energia de quem tá ali construindo aquela coisa, aquelas pessoas que ali vão. A gente vai devolver esse calor.
TMDQA!: Falando em turnê, você está sempre se apresentando em eventos que reúnem nomes já tradicionais da cultura rap e hip hop nacional. Nessas suas andanças Brasil afora, tem algum novo nome dessa cena que tem te chamado atenção? O que tem de mais promissor por aí e que vale ouvir?
Criolo: Nossa, é muita gente, não sei nem por onde começar. Todos são especiais. Lá no sul, você tem o Nitro Di, o Rafuagi, em Porto Alegre. No Rio um monte de MC bom, na Bahia há uma cena gigante. Fortaleza, então, Ave Maria! Brasília tem um celeiro, há batalhas em todo o Brasil. Há muitos novos nomes bons.
TMDQA!: Bem, fazendo jus ao nome do site, a gente vê a música como essa companhia sempre presente, nos bons e maus momentos. Você tem algum disco em casa que representa isso pra você, que tem te acompanhado desde sempre?
Criolo: Ah, não quero lembrar de quando eu tô pra baixo, não (risos). Vamos falar do que me deixa feliz. Eu descobri umas coleções de música jamaicana, foi até uma dica que peguei com o Ganja [Daniel Ganjaman, produtor] porque comecei a pesquisar um pouquinho. Falei com ele, “Ganja, o que você me recomenda pra começar a conhecer?” e ele me falou “Escuta essas coletâneas, são uma ótima forma de começar a descobrir o que você gosta e o que não gosta”, e é isso que eu tenho feito. Também ouço muita música nossa, música brasileira. Acho o “Bahia Fantástica”, do Rodrigo Campos, uma coisa incrível. O Arthur Verocai, tanto com o disco que ele acabou de lançar quando com o anterior, ouço sempre. O meu disco do “Clube da Esquina” vai furar, com certeza vai furar! Eu sou louco com o vinil, é uma coisa diferente, sabe? Eu tenho poucos, mas os que tenho são muito preciosos. Tenho uma caixa de registros ao vivo da Elis Regina. E não posso deixar de falar do catálogo da Sterns, que desde 1983, tá aí divulgando a música africana, que é muito rica [desde 2012, o selo lança os álbuns de Criolo na Inglaterra, inclusive em LP]. Não deixa de procurar, é maravilhoso. Quando eu lancei meu primeiro vinil, peguei ele na mão, foi uma emoção indescritível. Ah, vinil é vida, vinil é vida!
Elza Soares está de regresso a Portugal no próximo mês de junho. A cantora brasileira já era um dos nomes confirmados para a edição deste ano do NOS Primavera Sound, mas sabe-se agora que irá atuar, também, no Coliseu de Lisboa.
Elza irá, assim, voltar a um dos palcos onde já foi feliz, tendo ali subido em novembro passado, durante o Vodafone Mexefest. A cantora irá levar a sua Mulher do Fim do Mundo ao Coliseu no dia 3 de junho.
Os bilhetes para este espetáculo já se encontram à venda, ao preço de 30 euros. Elza Soares atuará no último dia do NOS Primavera Sound, 10 de junho.
Depois de esgotar dois concertos no Coliseu de Lisboa, no passado mês de setembro, Caetano Veloso atuará no Coliseu do Porto a 25 de abril, no formato voz e violão.
Tal como aconteceu em 2016, Caetano Veloso trará consigo Teresa Cristina, que abrirá o espetáculo acompanhada por Carlinhos 7 Cordas, no violão. A cantora apresentará o seu último trabalho, uma homenagem a Cartola, devendo juntar-se ao anfitrião, Caetano Veloso, no final do espetáculo, para juntos cantarem algums temas.
Os bilhetes para mais esta data da digressão Caetano Apresenta Teresa custam entre 20 euros e 70 euros.
A Fundação Gulbenkian acolhe a 03 de Fevereiro a brasileira Adriana Calcanhoto que cantará poetas portugueses e brasileiros.
Neste espectáculo, criado originalmente por Adriana Calcanhotto para as comemorações do 725º aniversário da Universidade de Coimbra, a cantora viaja pela poesia e pela música de Portugal e do Brasil, acompanhada pela guitarra de Arthur Nestrovski, juntando num mesmo alinhamento poemas de Camões, Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Fiama Hasse Pais Brandão, Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Tom Jobim ou Chico Buarque, incluindo ainda uma cantiga de amor de D. Dinis.
“Das Rosas”, canção de Caymmi que intitula o recital, seria parcialmente composta numa visita do músico a Coimbra.
Adriana Calcanhotto Voz Arthur Nestrovski Guitarra