Roberto & Rodrigo
Enviado por Valéria Mendes
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Os Paralamas do Sucesso lançarão ainda neste semestre um novo DVD.
O trabalho, que também será lançado no formato CD, trará o registro de show que a banda carioca realizou em dezembro no Espaço Tom Jobim, no Rio.
Duas participações especiais se destacam no DVD/CD, que sairá como parte da série Multishow Ao Vivo, promovida pela emissora a cabo.
A roqueira baiana Pitty marca presença em releitura do sucesso Tendo a Lua, de 1991, enquanto o astro nordestino Zé Ramalho canta com os rapazes Mormaço, faixa do mais recente álbum de estúdio da banda, Brasil Afora (2009).
Entre outras canções, estão programadas para entrar em Multishow Ao Vivo Paralamas do Sucesso músicas como O Beco, Romance Ideal, A Novidade, Meu Erro, Dos Margaritas, Alagados, Uma Brasileira, Vital e Sua Moto e Óculos.
A banda integrada por Herbert Vianna (vocal e guitarra), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) comemora 30 anos de estrada em 2011.
Fonte: R7
O ano mal começou e Belo já está com a cabeça lá no meio de 2011, quando pretende gravar um DVD.
Ele acaba de lançar o disco Pra Ser Amor, que chegou às lojas no embalo da música Direito de te Amar. O trabalho, nas palavras dele, mostra seu amadurecimento.
- Eu busquei os parceiros certos pra esse disco. A Marina Elali é uma cantora lírica que está rumando para a MPB. E o Jorge Vercillo é um ícone da música popular brasileira.
E, com shows agendados no Brasil, na Europa e na África neste começo de ano, o cantor já trabalha um novo DVD, que vai marcar seus dez anos de carreira.
- O DVD vem para celebrar esses dez anos que eu estou fazendo de sucesso. Vou ter 40, 50 músicas para botar [risos].
O cantor promete muitas e muitas participações, entre artistas com quem já gravou e duetos inéditos.
- Nomes como Ornella, Claudia Leitte, Jorge Vercillo, Marina Elali, Perlla, Alcione.
Outro que ele quer em seu novo trabalho é o rapper Mano Brown.
- Com certeza o Brown vai estar comigo, é meu amigo. Já está preparando algumas coisas pra mim. A gente está se falando bastante. Também quero que participe o Trio Ternura, banda do meu amigo Thiago Martins. Tem muita gente legal. Preciso disso, de estar com meus amigos.
A ideia, conta, é inovar, escolhendo uma cidade onde nunca gravou um DVD.
- Não tenho local. Isso eu queria definir com os meus fãs. Gravei dois no Rio e um em São Paulo. O primeiro da minha carreira foi em São Paulo. Nasci no bairro da Saúde, na praça da Árvore. Qualquer lugar que você falar para mim eu conheço, eu vivi em São Paulo durante 23 anos. Mas acho que ele [o DVD] vai ser mais para o Nordeste, estou devendo alguma coisa para o Nordeste.
O plano é fazer o registro até junho para que seja lançado entre julho e agosto, com mais de 30 músicas. Com o novo trabalho chegará às lojas o livro que conta a história do cantor, guardado até agora a sete chaves.
- Não posso adiantar nada do livro. Mas dele sairá o roteiro para o meu filme [que também vai contar a trajetória do músico]. Do filme, o que tem de certo é que o Thiago Martins vai fazer o Belo jovem.
De resto, diz, gostaria de ter nomes como Camila Pitanga e Wagner Moura no elenco.
Em meio aos preparativos para o DVD, o cantor, que voltou no fim do ano passado de uma turnê que passou por Alemanha, Suíça, França, Portugal, Itália e África, vai cantar novamente fora do Brasil.
- Estou voltando em fevereiro à Africa para shows do Dia dos Namorados, que lá é comemorado em 14 de fevereiro. Depois, acabando o Carnaval no Brasil, vou de novo para a Europa. Tenho quatro ou cinco shows na Espanha.
Só aí virão as férias.
- Depois eu quero tirar uns dez dias com a Gracyanne, a gente quer ir para Orlando (EUA).
Fonte: R7
Sandy divulgou o clipe da faixa "Quem Sou Eu", o segundo single de seu primeiro disco solo, "Manuscrito", lançado em 2010.
No vídeo, a cantora encarna 24 personagens, entre eles algumas personalidades como a atriz Audrey Hepburn e a cantora inglesa Amy Winehouse. Além disso, foram produzidas mais de 2500 fotos para o stop motion.
O trabalho foi dirigido pelo mineiro Conrado Almada, que já trabalhou com Skank, Erasmo Carlos e Jota Quest.
Assista ao clipe de "Quem Sou Eu", na íntegra:
Fonte: Cifraclub
A cantora Ivete Sangalo liberou hoje na internet o clipe da música "Desejo de Amar", gravado no Madison Square Garden, em Nova Iorque.
O vídeo faz parte do DVD "Multishow ao Vivo: Ivete Sangalo no Madison Square Garden", lançado em dezembro de 2010.
O show de Ivete em Nova Iorque aconteceu em setembro do ano passado e chamou a atenção da mídia internacional. O jornal Daily News chegou a comparar a energia de Ivete no palco com a da popstar internacional Beyoncé.
O vídeo de "Desejo de Amar" pode ser visto abaixo:
Fonte: Cifraclub
No dia em que é homenageado o Senhor do Bonfim na Bahia [13.01], a cantora Claudia Leitte deu de presente aos seus fãs seu novo videoclipe. Após divulgar algumas fotos do projeto, a musa do Axé lançou o vídeo de Água, atual música de trabalho, que teve cenas rodadas em alguns locais da capital baiana, como a Ribeira. No clipe Claudinha aparece de biquíni, com um corpo de deixar os homens de queixo caído e muitas mulheres morrendo de inveja.
Fonte: Axezeiro
A cantora Preta Gil deu início a seus ensaios de verão na Madrre durante o último fim de semana. Cheia de atitude, ela conversou com o Portal Axezeiro e falou um pouco sobre sua vida e carreira. Confira.
Portal Axezeiro: Quem é Preta Gil? Como você se define?
Preta Gil: Sou uma pessoa autêntica e livre de preconceitos, que gosta de trabalhar e é feliz.
PA: Há quanto tempo você trabalha com o meio artístico e que grandes mudanças aconteceram neste período?
PG: A Noite Preta começou há um pouco mais de 3 anos, no Rio de Janeiro. Surgiu de uma vontade minha de criar um público fiel. Então, fazia todas as semanas meu show pra mostrar meu trabalho a quem tivesse interesse. Comecei fazendo shows para pouco mais de 200 pessoas, depois o público foi crescendo e fui para locais em que cabiam 700 e hoje faço em lugares bem maiores, viajando por todo Brasil. Acho que deu bem certo, graças a Deus!
PA: Você sempre foi muito sincera. Acha que isso te prejudica de alguma forma?
PG: Acho que é preciso ser sincera e autêntica para encarar a vida! Não acho que isso seja significado de polêmica! Acredito que a sinceridade que levo comigo fez eu ter o público que tenho.
PA: Que qualidade você busca nas pessoas?
Gosto de gente honesta, sincera e do bem.
PA: Preta, o fato de ser filha de Gilberto Gil em algum momento é negativo para sua carreira?
PG: Sou filha de Gilberto Gil e se sou cantora hoje é por causa dele. Meu pai é meu maior ídolo. Sou filha do Gil com orgulho. DNA é DNA.
PA: Fala sobre seus novos projetos. Como está o programa de TV?
PG: O programa está super bem! O Vai e Vem tem como cenário um elevador. O participante da atração aperta um botão e responde a perguntas picantes. Cada um dos andares corresponde a uma pergunta. O programa tem tido uma resposta bem legal, com convidados ótimos.
PA: E a aceitação do DVD?
PG: Olha, eu soube pelo twitter! Meus fãs que me seguem lá costumam me deixar sabendo de tudo! Tudo que sai sobre o DVD, eles correm pra me mandar! Fiquei muito feliz, afinal de contas o DVD é um registro muito fiel do que é a Noite Preta e muita gente que ainda não foi, vê o DVD e sente o gostinho do que é o show. Acho o máximo!
PA: O show que vem apresentando é o mesmo do DVD ou foi incorporadas novas coisas?
PG: O repertório do show é o mais eclético possível. Canto minhas músicas (as do DVD) e muita música popular brasileira, que pra mim é tudo que o povo escuta. Então misturo Pop, Rock, Axé, Samba, Funk, Sertanejo Universitário, e por aí vai!
PA: O “Noite Preta” é um projeto vitorioso. Que fatores contribuíram para este sucesso?
PG: Acho que o fato de ser uma noite animada, sem preconceitos em todos os sentidos, começando pela parte musical. É um lugar para todo mundo esquecer os problemas e se divertir! Outro fator, é claro, é a dedicação. Graças a Deus, trabalhei muito, me dediquei e o sucesso veio junto! E não foi rápido não; foi uma coisa processual.
PA: Você já apresentou este projeto outras vezes em Salvador. Qual o diferencial desta nova temporada?
PG: O projeto era a Noite Preta e agora são os Ensaios de verão da Noite Preta. Trago no repertório músicas novas e algumas coisinhas mais carnavalescas também. No mais, é o mesmo: muita animação, alegria, diversão e nenhum preconceito – nem musical.
PA: Como é pra você se apresentar em Salvador?
PG: Cantar em Salvador, para mim é sempre uma emoção grande. Acredito que o público deve sentir isso também, pois não tem como não transparecer. Todos os shows que faço em Salvador são maravilhosos, sinto uma energia única!
PA: Você vai estar presente no Carnaval?
PG: Saio com meu bloco no Rio, O bloco da Preta, uma semana antes do Carnaval (27/02) de Fevereiro. Aqui na Bahia, vou estar na Varanda do Expresso 2222, pelo terceiro ano consecutivo, durante toda folia, menos um dia, que estarei cantando no Carnaval de Recife, no Marco Zero.
PA: Deixa um recado para o público axezeiro.
PG: Axezeiros, os Ensaios de verão da Noite Preta na Madrre serão Babado, Confusão e Gritaria! Espero todos vocês!
Fonte: Axezeiro
Foi divulgado na tarde de ontem [17.01], o primeiro vídeo do novo DVD ao vivo de Luan Santana, com lançamento previsto para abril. No material disponibilizado, o fenômeno sertanejo aparece cantando com a musa baiana Ivete Sangalo a música Química do Amor. O show foi gravado em dezembro de 2010, na HSBC Arena, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O projeto teve investimento de aproximadamente R$ 4 milhões.
Fonte: Axezeiro
Nesta segunda, 17 de Janeiro, pelas 19:00,na Casa do Brasil há uma exibição de documentários.
Workshop de técnicas e manipulação de sons estão programados para os dias 18 e 19 de Janeiro no Museu da Música.
No dia 20 de Janeiro, a partir das 22:00, a brasileira DJ Black Josie vem a Lisboa no âmbito da sua tournée europeia, e deixa a essência da cultura negra na música brasileira numa festa da Casa da América Latina.
Artistas como Tim Maia, Cassiano, Hyldon, Wilson Simonal, Carlos Dafé, Toni Tornado, Banda Black Rio, Gerson King Combo muitos outros, fazem parte deste movimento da música preta brasileira, bem conhecido e apreciado em Portugal.
A Casa da América Latina traz, em Janeiro, uma reinterpretação da sigla MPB – referindo-se não à Música Popular Brasileira, mas sim à Música Preta Brasileira, uma movimentação musical dos anos 60 e 70 que aconteceu no Rio de Janeiro.
Na segunda-feira, dia 17 de Janeiro, na Casa do Brasil, serão apresentado dois documentários: um sobre as performances e o dia-a-dia de artistas pertencentes ao movimento Funk e outro que relata a ascensão e queda do cantor Wilson Simonal.
Para os dias 18 e 19 de Janeiro, estão previstos workshops sobre técnicas e manutenção de sons para performance do dj ao vivo.
O workshop será realizado pela DJ Black Josie no Museu da Música, na estação do metropolitano Alto dos Moinhos, das 14:30 às 18:00.
Na quinta-feira, 20 de Janeiro, a partir das 22:00, DJ Black Josie deixa a essência da cultura negra na música brasileira numa festa na Casa da América Latina, na Avenida 24 de Julho, no âmbito da sua tournée europeia.
A DJ Black Josie apresentará remixs de artistas como Tim Maia, Cassiano, Hyldon, Wilson Simonal, Carlos Dafé, Toni Tornado, Banda Black Rio, Gerson King Combo, entre muitos outros, que fazem parte do movimento da música preta brasileira.
Todas as iniciativas são gratuitas com excepção do dia 20 de Janeiro cuja entrada tem um valor de 4,00€ com direito a uma bebida.
Fonte: Hardmusica
Para celebrar os dez anos de carreira, o Falamansa preparou um álbum para lá de especial. O DVD Falamansa 10 Anos, que conta com famosas canções do grupo e, também, algumas inéditas.
Com exclusividade, o R7 invadiu a casa de Tato, o vocalista da banda, e conversou com os forrozeiros sobre a carreira, o convívio e os momentos de dificuldade.
Veja!
Fonte: R7
Os fãs da banda RPM, famosa durante as décadas de 1980 e 1990, têm motivos para se animar neste início de ano.
O vocalista Paulo Ricardo declarou, através de sua página no Twitter, que está trabalhando na produção de um novo álbum do grupo, ainda sem nome e data de lançamento divulgados.
O último disco de estúdio do RPM foi o "Paulo Ricardo & RPM", de 1993. Em 2008, a banda lançou uma caixa especial com seus três primeiros trabalhos e um CD que inclui remixes, covers e faixas inéditas.
Fonte: CifraClub
Quais foram os álbuns que fizeram a identidade da música brasileira da década que terminou?
Usando como critério não só a qualidade estética, mas também o sucesso mercadológico e a relevância que tiveram na transformação da indústria musical, editores e repórteres da Folha selecionaram os 50 discos mais representativos do que foi o Brasil nos dez anos passados.
A década começou subvertendo bossa nova em música eletrônica --primeiro pelas mãos do produtor Suba (1961-1999), depois por iniciativas de Fernanda Porto e DJ Marky, entre outros.
A seguir, o samba foi alçado a principal ingrediente na reformulação do pop. O processo partiu da revitalização da Lapa carioca, com Teresa Cristina à frente, chegando ao mainstream em álbuns de Marisa Monte, Maria Rita etc.
O ciclo ufanista diminuiu a partir de 2006. Agora, o pop absorve um sem número de gêneros e volta a beber do rock, da psicodelia e do folk.
Mas a principal revolução dos 00 não foi estética. Muito mais radical foi a transformação das relações entre ouvinte, música e indústria.
Com as facilidades tecnológicas de gravação, o artista independente, antes exceção, se tornou regra do mercado. Essa nova condição fez nascer o espírito colaborativo que resultaria em projetos coletivos como o Instituto, o +2 e a Orquestra Imperial.
Como lembra João Marcello Bôscoli, dono da gravadora Trama, "se por um lado a internet ajudou na derrocada da indústria do disco, por outro serviu de plataforma para novos artistas". Ele cita os exemplos do Cansei de Ser Sexy e de Mallu Magalhães.
Gêneros populares, o tecnobrega, do Pará, e o funk carioca brotaram e ganharam espaço à parte da indústria.
"A indústria só conseguiu manter o controle sobre o [segmento] sertanejo", diz Pena Schmidt, ex-executivo de gravadoras que hoje atua como diretor artístico do Auditório Ibirapuera. "Nem no axé eles mandam mais --a Ivete é dona do seu nariz."
Em contrapartida, a internet "tornou o sucesso fugaz", como acredita João Augusto, dono da pequena gravadora Deck Disc. "O moleque já coloca músicas no computador sabendo que vai jogar fora."
Mesmo reconhecendo o quanto sua banda deve à internet, Adriano Cintra, baixista do Cansei de Ser Sexy, concorda com isso: "A música virou um acessório do iPod. Ninguém quer mais gastar dinheiro com ela".
DISCOTECA BÁSICA DOS ANOS 00
Fonte: Folha Online
Chegou o dia. Mais uma vez o Blognejo traz uma lista com os 5 melhores discos do ano. Se eu não me engano, trata-se da terceira lista que fazemos com essa temática. Na primeira lista, em 2008, elegemos o disco “Senhora Raiz”, da Roberta Miranda, como o melhor do ano. Em 2009 escolhemos o disco “Zé do Rancho Entre Parentes e Amigos – Histórias de uma Viola” como o melhor lançamento. Se você ainda não ouviu e/ou assistiu algum desses, pelo amor de Deus procure urgentemente uma loja que tenha qualquer um destes e compre. Não importa o preço.
Em 2010 a música sertaneja teve uma média de qualidade bem maior que a dos outros anos. Produtores jovens, talentosos e modernos como Dudu Borges e Ivan Miyazato se destacaram muuuuito mais que os veteranos, o que elevou o nível do segmento e trouxe de uma vez por todas a música sertaneja para a realidade da música pop no Brasil, tirando-a da esfera “brega” ou “retrógrada” em que ela teimava um pouco em permanecer. Não que isso fosse ruim, mas uma evolução se fazia necessária, apesar de muita gente ainda torcer o nariz e achar ainda que estamos passando por uma péssima fase.
Para a criação desta lista, obviamente, me baseei em todos os textos da sessão “Impressões de um ouvinte” que postei no decorrer do ano. Analisando todos os eles, podemos notar que houve uma predominância de notas “9″. É que depois de dada a primeira nota “9″ no ano não dá pra dar uma nota menor apenas para abaixar a média sendo que consideramos determinado disco basicamente igual ao primeiro que recebeu a referida nota. O problema é que, na tentativa de elevar a média geral, acabamos tendo que dar notas altas para um punhado de discos apenas para não parecer injusto com os outros trabalhos avaliados.
Uma pena, no entanto, a galera achar que “9″ é uma excelente nota. Ora, pra mim só o “10″ é excelente. Uma nota “9″ significa que o disco ainda precisa de ajustes (às vezes muitos) pra ser considerado perfeito. Nota “9″ não é nota “10″, afinal de contas. É que quando eu era criança eu apanhava sempre que tirava nota menor que “9″ na escola (sério isso, hehe). Acabei crescendo achando que todo mundo só queria saber de nota “10″ e que um “9″ significava uma surra em casa.
Pior ainda é a galera simplesmente se esquecer do texto e levar em conta só a nota que o disco recebeu. Poxa vida, de que adianta escrever quase 10 parágrafos em média se a galera só liga para a nota? Por conta disso, admito que desperdicei algumas boas oportunidades de postar críticas mais incisivas e necessárias. Mas tive que manter o padrão para não parecer injusto. O que me consola é saber que a partir de 1º de janeiro de 2011 a “contagem” é zerada e eu posso pensar melhor antes de dar determinada nota a um disco.
Em 2010, alguns discos foram decepcionantes, outros enebriantes. E este ano, pela primeira vez, a lista é encabeçada por um disco que não tem a música raiz como tema principal. Com base nas notas dadas no decorrer do ano, vejam abaixo quais foram, SEGUNDO O BLOGNEJO, os melhores discos de 2010. Cliquem nas imagens para ler os referidos reviews postados na época do lançamento.
5º LUAN SANTANA – AO VIVO
Por puro e cego preconceito, muita gente vai reclamar da presença deste disco na lista em detrimento de outros que por acaso as mesmas pessoas julgam melhores. O disco que catapultou Luan Santana ao posto de maior estrela da música sertaneja no ano de 2010 só conseguiu tal feito por ser de extrema qualidade. Um show incrível com um público de 85 mil pessoas, com músicas incrivelmente comerciais e agradáveis (que hoje em dia já soam enjoativas, mas que na época exalavam novidade), com um artista como ainda não se viu na música sertaneja. Luan Santana domina o palco de uma forma incrível. Com edição ágil e participação ativa do público, sem dúvida é o DVD de show mais incrível do ano de 2010. E por isso ele está presente nesta lista.
4º JOÃO CARREIRO & CAPATAZ – XIQUE BACANIZADO AO VIVO
João Carreiro & Capataz abraçaram de vez a alcunha de maiores representantes da nova geração do sertanejo clássico. Cantam músicas modernas, com letras escrachadas e por vezes preconceituosas, mas sempre com o bom humor inerente ao caipira. E ainda exaltam e valorizam a viola caipira. Esse estilo de “machão rural” e de “caipira moderno” rendeu a eles o apelido de “brutos do sertanejo”. E este DVD, que só agora recebeu a merecida atenção da gravadora e foi lançado nacionalmente, agrupa todas as principais e mais incríveis características da dupla de uma forma genial. Para quem gosta do que muita gente julga ser a verdadeira música sertaneja, João Carreiro & Capataz são a melhor opção que o mercado trouxe nos últimos tempos. E olha que a produção não leva a assinatura de nenhum mega-produtor sertanejo. É clássico, mas ainda assim novo e diferente.
3º FERNANDO & SOROCABA – ACÚSTICO
Outro disco que quase não foi lançado nacionalmente. Por meses, o DVD rodou apenas nas mãos dos fãs e de pessoas que iam aos shows da dupla ou ganhavam versões promocionais em sorteios de rádio e similares. O problema é que a dupla atravessava uma fase de mudança de gravadora (saíram da Universal para integrarem o casting da Som Livre) e isso atrasou o lançamento do melhor disco da carreira de Fernando & Sorocaba. Este DVD traz versões acústicas de alguns dos maiores sucessos da dupla e 4 canções inéditas. Só que não são versões acústicas simples. São versões geniais, sem bateria e teclados, apenas com percussão, baixo, violões, violinos (ou rabecas, sei lá a diferença), e que provam de uma vez por todas que a dupla Fernando & Sorocaba não é só o Sorocaba, mas também o Fernando. O segundeiro da dupla brilhou na co-produção, execução de arranjos e interpretação da canção “Madri”, uma das melhores canções do ano.
2º ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO – DOUBLE FACE – VOL. 2
Originalmente concebido como um disco que viria num formato inovador (um CD com os dois lados executáveis, assim como os antigos discos de vinil) mas que acabou sendo lançado mesmo como disco duplo, o Double Face acabou sendo “separado” recentemente e, por isso, o Vol. 2 do projeto pode figurar tranquilamente no lugar que merece na lista de melhores do ano. Este Vol. 02 traz versões de grandes clássicos da música sertaneja “intermediária” (como eu costumo chamar a fase dos “modões xonados”), gravados da forma mais fiel possível às versões originais, com instrumentos de sopro, arpas, acordeons e violões de nylon, assim como eram gravadas as canções antigamente. E o melhor de tudo: com a voz do Zezé absolutamente recuperada. Pode ser que ao vivo ele ainda não esteja cantando tão bem assim, mas neste disco ele provou que quem é rei não perde a majestade.
1º JORGE & MATEUS – AÍ JÁ ERA
A unanimidade do ano. O “cala a boca” do ano. O disco no qual muita gente tenta colocar defeitos, mas a falta de argumentos acaba não permitindo. O “Aí Já Era” conseguiu, numa tacada só, consagrar Jorge & Mateus como uma dupla verdadeiramente talentosa, a despeito das tagalerices de muita gente (que provavelmente vão aparecer às pampas nos comentários deste post), e o produtor Dudu Borges como o mais criativo e corajoso do ano. Um repertório afiadíssimo, só com canções inéditas, coisa que até então Jorge & Mateus ainda não tinham feito, aliado a uma pegada pop inédita na música sertaneja. Mateus se mostrando um excelente músico (gravou todos os violões e guitarras do disco) e o Jorge cantando como nunca. Um disco perfeito, em todas as concepções do termo. A música que dá título e que fecha o disco, “Aí Já era”, é um exagero de romantismo, gravada apenas no piano, violão e orquestra de cordas (12 no total), o que prova que definitivamente não há nada que essa galera nova não possa fazer. Estão assumindo as rédeas da música sertaneja. E já está na hora da galera antiga soltar o bastão.
Fonte: Blognejo
Foi lançado um novo videoclipe oficial da cantora Pitty. O vídeo é para a música “Só Agora”, mais uma das faixas do mais recente disco de estúdio, “Chiaoscuro”.
O videoclipe mostra Pitty e os músicos de sua banda - Martin, Joe e Duda - em uma festa com clima bem familiar, com amigos e crianças brincando. A direção é assinada por Ricardo Spencer, com assitência de Rafael Kent e produção de Jauliana Dias e Rodrigo Santos.
“Só Agora” foi disponibilizado no canal de vídeos da gravadora Deck e você confere logo abaixo:
Fonte: Território da Música
A cantora Céu acaba de lançar um videoclipe para a canção "Cangote". A música faz parte do álbum "Vagarosa", lançado pela Urban Jungle/Universal Music.
A direção do videoclipe é assinada pela cineasta Vera Egito, vencedorea do prêmio de Descoberta da Crítica Francesa em 2008. O vídeo foi produzido pela Paranoid BR e mostra o amor, sob uma perspectiva pessoal de quem se aconchega ao amado.
Fonte: Território da Música
Com um toque irreverente e provocante, o grupo Sorriso Maroto lança seu DVD e CD Ao Vivo em Recife, registro de um show feito na capital pernambucana. A música de trabalho, Na Cama, já está no terceiro lugar entre as mais ouvidas da rádio FM O DIA. "A nossa intenção foi mostrar um Sorriso mais agressivo, atirado, falando para elas: 'Olha, estou te querendo'", instiga o vocalista Bruno. Para provocar ainda mais as fãs, o grupo aceitou o convite de posar na cama da suíte do hotel Royalty, na Barra.
Na hora de matar a curiosidade sobre quem alguns dos meninos levariam para a cama, Cris se mostra insaciável: "Só pode ser uma? A cama é king size", brinca ele. Fred despista: "Uma mulher especial". Já Bruno, como diz a música: "Na minha cama não pode ser qualquer uma. E claro que a gente não abre mão de um dereguererê, laiararaiá". Eles não dispensam nem as fãs. "Sem problemas me envolver com elas, tudo depende da postura", diz Bruno.
Não só na cama como nos shows, eles estão dispostos a tudo. "Se uma menina subir no palco eu vou agarrar, se ela for me dar um beijo eu vou dar, se ela for rebolar comigo eu vou rebolar. Eu estou ali para criar situações bacanas para o povo", garante o vocalista.
Muitas composições do grupo são histórias reais. "As músicas, de uma forma geral, têm um quê verdadeiro. Se não foi vivida por nós é um fato de alguém próximo. Temos uma missão de contar histórias verdadeiras", revela Bruno.
A escolha de Recife como o destino para esse novo projeto tem um motivo especial para o grupo. "A história do Marco Zero, onde nasceu a cidade, reflete a ideia que a gente queria agora, que era de recomeçar. Estamos voltando para o formato ao vivo, gravadora nova, reconstruindo nossa carreira".
O show, que contou com 200 mil pessoas, emocionou os integrantes. Cris chorou e não tinha nem palavras após a apresentação: "Era muito sentimento, não cabia dentro de mim. Essa oportunidade foi uma graça de Deus. Muito obrigado a todos os fãs por nos seguir. Quando subimos no palco, estamos abertos ao que o fã quiser fazer. Eles que ditam as regras do jogo".
Fonte: Terra Música
Em 30 anos de carreira, a extinta dupla sertaneja Edson e Hudson pode ser considerada "precursora" da atual febre do sertanejo universitário, por suas músicas animadas, com uma pegada forte de guitarra e letras engraçadas falando sobre festa e namoro. Em 2008, os amigos Edson e Hudson decidiram seguir caminhos diferentes e agora Edson lança Edson Voz e Violão, um CD intimista, com voz e violão, como o título indica, projeto que ele, em entrevista ao Terra, disse que queria fazer há tempos.
"Essa ideia já existia há muitos anos, ainda com o Edson e Hudson, junto com meu empresário Wagner Mendes. Quando a dupla acabou, gravei meu primeiro disco solo e já quis fazer esse projeto, porque hoje o mercado está muito rápido. Queríamos ter esse clima intimista mas com um show mais 'cheio', e nosso produtor fez um bom trabalho."
Romantismo
As letras, como não poderiam deixar de ser, falam muito de amor e paixão. "Eu tava conversando com o Walter Lima, que trabalhou com gente como Antonio Marcos e Elis Regina, um dos maiores masterizadores do Brasil, e ele me falou uma vez: 'Eu tinha tanta raiva desse negócio de falar de paixão em música, até que me apaixonei e entendi tudo'. A gente tem sangue latino, sente o amor forte na veia. Qual é o maior sentimento que tem? É o amor!", afirma.
Mas ele conta que tentou desenvolver novas abordagens para esse tema clássico nas composições, e gravou o disco em casa, aproveitando o clima descontraído. "A gente brincou muito quando criava esse disco, conseguimos fazer algo pra curtir, dançar... Gravamos na minha casa, pra ficar mais a vontade. As letras falam de amor, mas de uma forma engraçada, diferente, coisas como o amigo que tá apaixonado pela amiga, outro que ligou pra amiga falando que tá apaixonado por uma pessoa e pedindo conselho, na faixa Oi, tô te ligando.... Aquela coisa do cotidiano mesmo", explica.
Pirataria
Para competir com a pirataria, Edson fez uma parceria com a rede de lanchonetes Graal, espalhada pelas estradas do Estado de São Paulo, para vender Edson Voz e Violão a preços populares, e ele avalia que a estratégia deu muito certo. "Pelo fato de a gravadora ser nossa pudemos fazer essa parceria com o Graal e vender o CD a R$ 12, e a primeira tiragem já saiu com 60 mil cópias. Hoje o CD é mais um flyer de divulgação do que outra coisa, e essa foi uma forma que a gente encontrou de valorizar o produto, vender com uma capa e um encarte bacana, a um preço pra bater de frente com o pirata. Foi uma maneira de brigar, dar uma de Davi contra o Golias da pirataria", afirma.
Ele opina que muita coisa deve mudar na indústria fonográfica para que ela sobreviva nesta era de internet e piratas. "A primeira coisa que tem mudar é a lei de Direito Autoral. Eu tenho muitas críticas ao ECAD (Escritório Central de Arrecadação de Direitos), que tem problemas muito antigos. E as gravadoras ainda exageram nos preços, mas acho que o governo podia ajudar fazendo uma tributação menor, porque do jeito que está não dá pra brigar com o cara que tá vendendo o pirata na esquina, até porque ele está lá para dar um sustento a sua família. E a internet é boa para muitas coisas, principalmente para os novos artistas que estão chegando divulgarem seu trabalho. E a gente tá vivenciando um momento agora que estamos conseguindo legalizar as músicas na internet, como no serviço de vocês, o Sonora, que funciona muito bem. Acho que é uma ótima saída."
Sertanejo universitário
Ele admite que ajudou a popularizar a música que passou a ser conhecida como sertanejo universitário, diz que está feliz com o sucesso da nova geração e afirma que o gênero ainda sofre com o preconceito. "Eu fico feliz porque eu e o Hudson puxamos essa fila. Trouxemos a guitarra, tanto que passamos a ser quase uma dupla de roqueiros. Gravamos com o Fernando e Seorocaba, e também com os antigos, como o Chitãozinho e Xororó. Acho que fizemos essa ponte. Nunca critiquei o sertanejo universitário. Vivemos num país caipira. A música sertaneja é tão forte que é difícil de bater. Desde 1992, quando estourou Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, todo ano o sertanejo tá no topo da lista dos mais vendidos. Antes muita gente comprava o disco de sertanejo escondido, hoje a gente conseguiu quebrar um pouco esse preconceito, mas ainda existe uma discriminação musical no Brasil."
Para encerrar, ele deseja boa sorte para os amigos Rick e Renner, outra dupla que se separou recentemente. "A separação é apenas uma etapa, nada é o fim. Tenho certeza que eles decidiram isso pensando na música e desejo toda a sorte aos dois."
Fonte: Terra Música
Os sertanejos Rick e Renner juram que não houve brigas na separação da dupla. Depois de 25 anos unidos, cada um vai partir para carreira solo. Renner vai se dedicar ao gospel e Rick continua no sertanejo, mas quer misturá-lo a outros ritmos. Para provar que terminaram bem, o título do último CD, lançado há apenas um mês, não poderia ser melhor, Happy End.
"Não foi proposital o nome do disco. Já estávamos pensando na separação desde o ano passado. As pessoas sempre associam a brigas, mas não aconteceu conosco. Só não queríamos mais fazer o mesmo som", considera Rick.
Segundo o músico, um contrato com a gravadora Warner exigia que a dupla gravasse um CD antes da separação. "Estava no contrato e precisávamos fazer. Assim que ele ficou pronto e chegou às lojas nós comunicamos o fim da dupla", conta. Rick, que já está em estúdio gravando seu primeiro disco solo, adianta que a produção terá participações de outros artistas e mistura de ritmos.
"Vamos ter canções românticas, mas também rock 'n roll e axé. Quero emplacar o hit Me Segura, que tem uma levada muito agitada, baiana', entrega. "Essa mistura vai me permitir fazer shows no sudeste, sair do eixo Minas Gerais, São Paulo, Goiás, fazer grandes espetáculos em capitais como o Rio", exemplifica. Sobre o panorama do sertanejo atual, Rick analisa. "Gosto da ideia do sertanejo universitário, mas não gosto do que algumas pessoas estão fazendo. Muitos fazem qualquer música, gravam de qualquer jeito. Nós, da outra geração, levamos mais a sério, gravamos no estúdio, com profissionais", opina.
Fonte: Terra Música
Há dez anos, em janeiro de 2001, Carlinhos Brown “explicitou o Brasil” (segundo suas próprias palavras) no festival Rock in Rio 3, ao entrar em confronto aberto com o público metaleiro que fora até Jacarepaguá para ver o Guns ‘n Roses, e não um cantor e percussionista afrobaiano. “Aquilo tinha que acontecer”, avalia o artista em 2010, de passagem por São Paulo, poucas horas antes de partir a trabalho para o Senegal, na África. “Eu estava ali todo puro, de cocar. De repente, os caras se debateram com eles mesmos, e disseram: “Olha, eu não me quero. Eu quero ser aquele com guitarra, o roqueiro.”
Em maio deste ano, Brown foi o artista principal da festa paulistana em comemoração ao dia do trabalho, no Memorial da América Latina, de que participou também Milton Nascimento. Apresentou-se com desenvoltura, conduzindo e empolgando plenamente uma plateia de não-metaleiros. Senhor dos trios de carnaval na Bahia, Brown, hoje com 48 anos e de barba grisalha cultivada, tem tido poucas oportunidades para se apresentar a céu aberto no eixo Rio-São Paulo. O exterior continua a fornecer-lhe seus principais palcos.
Em algum ponto ainda não testado entre essas duas experiências extremas deve morar o Carlinhos Brown atual, que acalenta o sonho de ser agraciado com uma “segunda chance” no próximo Rock in Rio, mas conserva certos conflitos com os modos de organização de nosso show business. “Todos são benvindos aqui. Sou fã da moça da casa de vinho, Amy Winehouse. Sou amigo e componho com will.i.am e os Black Eyed Peas. Paul McCartney é um gênio dos Beatles. Mas um país que é a oitava economia do mundo não pode ser apenas para grupos externos.”
Brown lançou há pouco dois discos de uma vez só. Diz que um deles (o tristonho “Diminuto”) é de canções, e o outro (o vibrante “Adobró”), de ritmos. Tem um terceiro pronto, de rock, com o grupo baiano Mar Revolto, que ele integrou no início da carreira e gostaria de levar ao Rock in Rio. Estima ter composto e lançado neste ano algo como 10% de sua produção total de mais de 500 músicas em 30 anos de carreira profissional.
Apesar da bagagem volumosa, sabe que ainda não foi completamente assimilado em seu próprio país, em especial no eixo Sul-Sudeste. Da postura de palco aos versos sonoros, feitos de colagens de palavras, sua figura costuma ser alvo preferencial de críticas e muxoxos dirigidos a essa tal de emepebê. “Às vezes penso: por que esse personagem é tão incomodativo? O que incomoda tanto?”, pergunta, a certa altura das duas horas de entrevista ao iG, como quem indagasse a si próprio sobre outra pessoa.
iG: O que quer dizer a palavra “adobró”?
Carlinhos Brown: Adobró é uma corruptela de adobe.
iG: Uma linguagem de computador?
Carlinhos Brown: Não (risos). Hoje é uma linguagem de computador, mas os adobes são toda a força construtiva da arquitetura colonial brasileira. É uma palavra árabe, utilizada para tijolos. E adobró é resto de material de construção, que você pode usar para fazer outras coisas.
iG: Então você não inventou essa palavra.
Carlinhos Brown: Não, ouvi com meu pai e os pedreiros, o pessoal de quando trabalhei como auxiliar de pintor e pedreiro. “Vambora com os adobró!” Me veio na cabeça, puxa, tão bonito, adobró. Mas qualquer som balbuciado faz sentido. A palavra limpa, vamos dizer, é codificada. O som é algo ainda a se decodificar. É o que me leva a botar um milhão e meio de pessoas no carnaval em Madri cantando “tetetê, tetetê, tetê”. É a comunicação primal. A gente não se reconhece primitivo no nosso tempo, mas daqui a cem anos vamos ser vistos como primitivos. Hoje a gente conhece esse Adobe de computador, mas é tijolo, casa de adobe, você nunca ouviu falar? Eu me esmero pelo som, porque o português bem falado Chico Buarque já fez, Dorival Caymmi já fez, todo mundo. Como vou escrever “Mãos Denhas”?
iG: O que são “denhas”?
Carlinhos Brown: O que são “denhas”? Estou me perguntando o que são “denhas”.
iG: Há palavras que você inventa mesmo.
Carlinhos Brown: Sim, eu chamaria de neologismos. Nós temos um poeta no Brasil que nos ensinou a fazer isso, Guimarães Rosa. Quando falo “denhas” estou dizendo (cita versos de “Língua”, de Caetano Veloso) “a Rosa no Rosa”, “Pessoa na pessoa”, “e quem há de negar que esta lhe é superior?”. Eu não escolhi Mick Jagger, escolhi Caetano. Não escolhi Hendrix, escolhi Luiz Carlini, Pepeu Gomes. Não escolhi Metallica, Titãs me comovem mais. A palavra é uma escolha, mas no meu caso também é uma rebeldia. Ela me faltou tanto que eu a domino. Eu te digo sem nenhuma humildade: domino a palavra. A falta de acesso a ela me fez perder o sentido, então eu saio escrevendo como eu quero, como vem à cabeça.
iG: Muitas palavras de Adobró são em iorubá.
Carlinhos Brown: É, eu adoro. O iorubá foi estetizado no Brasil como dialeto, e mataram a nossa língua. É como dizer que falar italiano é dialeto. Foi aí que o Brasil começou a se perder. Mas há como revisar isso. O governo Lula foi supereficaz, colocou nas escolas a África como matéria, pra tirar das novas gerações essa imagem de escravizados. A extrema pobreza em que nós fomos jogados nos faria interessantes só no carnaval, como batuqueiros, e jamais como um potencial de língua. Com Wilson Simonal, Evaldo Braga, Itamar Assumpção ou Cassiano o português toma mais graça e ritmo, porque eles não têm uma saudade absurda de Camões. A gente sempre respeitou as bases, mas o ritmo, não, o ritmo é com a gente. A gente escreve axé music, o pessoal fala que é “ai ai ai, ui ui ui, ai ai ai, ui ui ui”. Estávamos buscando isso, esse sentimento que o português não completa, não chega.
iG: Como se dá seu contato com palavras iorubá?
Carlinhos Brown: Eu me lembro, ou então são de músicas que eu sei, através dos terreiros. Sei muitas músicas em iorubá. Tenho uma música que veio do passado dos terreiros e aprendi com meus mestres, sobre Ashansu, um tipo de Obaluaiê, Omolu, o senhor da Terra. É um hit de carnaval (batuca e cantarola), “Obaluaiê, babalorixá ê”, todo mundo canta isso, é um hino.
iG: Então não é primal, é uma língua na qual pessoas se comunicam.
Carlinhos Brown: É, no caso do iorubá é uma língua comunicativa. Mas quando faço (cantarola) “djebidi babá dudu” tem isso, sabe? Não chega a ser uga-uga porque tem organização. Meu maior refrão no mundo, por exemplo, é “djedje” (cantarola “Magalenha”, lançada em 1992 por Sergio Mendes), “djedje dejedje djedje”. É minha música que mais toca no mundo. Não é “A Namorada”, nem “Água Mineral”. Sergio Mendes acaba de regravar, e foi pro Grammy de novo. Ganhou Grammy Latino, agora foi pro “Gremmão”.
iG: Quando você canta “djedje”, isso na sua cabeça forma alguma imagem, significa alguma coisa? Gege não é uma tribo indígena?
Carlinhos Brown: É uma nação africana. Mas não estou falando Gege, também posso fazer “diê diê”, Dieu, Deus. Também posso estar cantando Deus, em francês. Não sei. Eu arrisquei, e, nesse risco, o americano canta, o japonês canta, o latino canta, o português canta. Mas eu busco essa linguagem pra caber na música.
iG: Um pouco como Jorge Ben.
Carlinhos Brown: É, como Ben Jor e outros fazem. Mas eu tenho café no bule (apanha nos encartes versos de “Você Merece Samba”): “Você não merece sofrer, merece samba/ os olhos são portas saídas de um coração”. Taí, café no bule.
iG: Por que chama de café no bule?
Carlinhos Brown: É pra incomodar a poesia. Os poetas às vezes acham que não tem café no bule. Fiquem com a poesia que eu fico com a imagem dela. Não quero poesia, quero imagens pra sonhar. Quando ele (refere-se a si na terceira pessoa) fala aqui que “os olhos são portas saídas de um coração”, ele puxa pra dentro, ele puxa pra tantos sentimentos. É a saída que não é lágrima, os olhos como portas, não como janelas da alma, sabe? É subverter. Se os olhos são portas do coração, então você pode chorar. Quase 30 anos depois do axé music eu quero a paquera carnavalesca, mas também quero entrar no coração. É importante, um artista de 60 anos vai precisar de direitos autorais. Não tem aposentadoria pra artista no Brasil, é ladeira abaixo, e você tem que escolher até que lugar da ladeira você quer descer. Vou me aposentar pela Sacem, um órgão arrecadador de direito autoral da França. Lá aposenta com 5 mil euros. Já tenho até um número de obras exagerado na Sacem, mais de 500 obras registradas.
iG: Você tem 500 músicas lançadas?
Carlinhos Brown: Acho que tenho até mais, como autor. Fora o que gravo na Bahia, que às vezes nem é editado, e não estou contando os jingles.
iG: Você faz jingles também?
Carlinhos Brown: Oxe! Só pedir. Adoro (risos)!
iG: Por que lançar dois discos de uma vez?
Carlinhos Brown: É quase um “Você Merece Samba”. Se o mercado está em crise, a indústria não está. Nós não estamos mesmo em crise.
iG: Quando diz indústria, está falando dos operários da música?
Carlinhos Brown: É, somos nós, os fazedores. A indústria não está, o mercado está em crise, porque a música brasileira mercadológica está mais egoísta. Os rádios não querem mais tocar a gente. Começaram a dizer que é rádio adulta, eu nunca vi música adulta. Monsueto, Cartola ou Adoniran não têm idade. Talvez a música mais infantil seja o rock, porque é fácil, as crianças gostam dos riffs. Mas é feita por adultos. E nunca foi tão feita por adultos, ou por barbas brancas, vamos dizer. O desejo de fazer esses dois discos era para mostrar que as empresas válidas são válidas, têm validade dentro de um conteúdo cultural sério. A Natura (patrocinadora de seus discos) está fazendo um papel que a Rede Globo devia fazer. A Som Livre (gravadora da Globo) poderia ser mais bem usada para a música popular brasileira. Vou a tantos programas da Rede Globo, os caras não botam uma música minha numa novela. Eles sabem que vai me ajudar, e eu sei que eu preciso, e eles sabem que eu preciso. Não sei por que não botam, sei lá que diacho.
iG: A primeira vez que ouvi falar seu nome foi em uma novela, a música “Meia-Lua Inteira”, com Caetano Veloso.
Carlinhos Brown: Sim, com os outros cantando eu já fui. Mas quero eu, quero a minha voz lá. Eu não sou o artista mais corajoso ou o mais medroso ou o mais falastrão, sou um artista que vou defender a arte de unhas e dentes, e não tenho esse medo de expor a dificuldade e a crise que estamos passando como artistas. Quando a Europa teve o problema eu me ferrei, este foi meu ano mais difícil economicamente. A Europa me dá cem shows por ano, coisa que não tenho aqui. No Brasil ainda tem aquela coisa, “vá que vai ser bom pra você”. Falar isso soa como um final de década, e, pelo amor de Deus, negro falando, músico conceitual falando, parece que está magoado. Não, não é mágoa. Um país de oitava economia não pode ser uma economia apenas para grupos externos. O Brasil este ano teve 185 bandas externas, que estão competindo com o mercado dos brasileiros. Pra nossa música está sendo evasão de divisas.
Na opinião de Carlinhos Brown, as correspondentes brasileiras a Lady Gaga escondem-se em algum lugar entre Elke Maravilha e as funkeiras dos morros cariocas. “A menina faz um funk, desce até embaixo. O puritanismo começa a dizer que não. E cresce o número de mendigos na rua”, provoca.
Na segunda parte da entrevista, Brown fala sobre a parceria com o funkeiro carioca Mr. Catra, reflete sobre orgulho racial e conta a história dos quatro vistosos anéis que leva nos dedos e que remetem, ao mesmo tempo, à ancestralidade africana, ao candomblé, ao catolicismo e à aristocracia baiana.
iG: Por que diz que este ano foi o mais difícil para você?
Carlinhos Brown: Eu vivo muito do exterior, e os caras entraram em crise. Desceu muito a coisa de show na Europa. Diminuiu mesmo, radicalmente.
iG: Por isso eles estão vindo mais para cá?
Carlinhos Brown: Por causa disso. Vamos dividir, são benvindos, ninguém tá dizendo que não. Mas estão roubando nosso mercado, olha a mídia que se tem sobre um artista estrangeiro. Lady Gaga (pronuncia “Gagá”)? Genial, mas eu tenho a Elke Maravilha, caramba, uma artista genial. A gente, como brasileiro, precisa se orgulhar da gente. Aqui a menina faz um funk, desce até embaixo. O puritanismo começa a dizer que não, que não, que não. E cresce o número de mendigos na rua, numa economia que se fala crescente. Por mais que haja esforços, crianças continuam abandonadas. A falta de maturidade dos governos na América Latina inteira para a descriminalização de alguns psicotrópicos levou sobretudo os pobres a essa droga patológica que é o crack.
iG: Não são só os governos, a maioria da população é contrária à liberação das drogas, do aborto, do casamento gay…
Carlinhos Brown: É contra construir escola, é contra o desarmamento. Houve um plebiscito, um país que é contra o desarmamento não pode reclamar de bala perdida. Essa xenofobia, esse caminho de apartheid, ora, quando nós vamos aprender a aceitar as diferenças? Quem não é genial esfrega a lâmpada e pede que o gênio lhe abençoe, não taca a lâmpada na cara de outro. Resultado: os caras maltratam crianças, abandonam os velhos, batem nos gays. Sabe aquilo que eu disse no Rock in Rio dez anos atrás, “meta o dedo no rabo pra se conhecer”? Não foi mágoa, foi educacional. Só disse que esse dedinho (repete com o dedo o gesto obsceno dos metaleiros) você tem que meter no chicote pra se conhecer. Fica mostrando o dedo pros outros, mete logo, talvez você tenha uma outra sensação. Aquele cara que arrumou a lâmpada na cara do cara, enfia no cu, pra perder essa cerimônia. Primeiro, tem um país à margem. Segundo, tem um país que não se encontra direito. Essa sociedade fica falando que é contra a descriminalização porque não são os filhos dela que estão na ponta de faca. Se você é contra a descriminalização e contra o desarmamento, você é a favor da cultura bélica. Eu sou o mesmo brasileiro de antes, descoberto pelo francês. Foram os franceses que botaram “A Namorada” pro Brasil, não foram os brasileiros. E no dia em que eu pedi as contas na EMI o meu patrão correu pro jornal e disse que tinha me demitido. Quem me contratou? A Sony europeia. Foram os únicos que fizeram campanha de artista comigo até hoje. Tiveram resultado milionário. O grupo Telefônica investiu 8 milhões de euros nos carnavais que fizeram, com pessoas africanas, da América Latina, com os os Ronaldos, que ajudaram muito o êxito do Brasil naquele lugar. É um coletivo, a música só junta tudo.
iG: Na Copa de 1970, Pelé e Wilson Simonal posavam juntos, cada um vestindo a roupa do outro.
Carlinhos Brown: Exatamente, dois reis. Um foi sucumbido pela ideia da ditadura – nunca engoli, foi injusto, nunca ficou claro. O que me faz confiar em Simonal é que é a mesma sociedade que reprimiu Cassiano ou até Tim Maia. Nelson Motta é um gênio da crítica, mas acho muito grosso quando fala que Tim Maia faz “música de corno”. Tim é genial, faz música de sentimento. Talvez seja a gente que seja consumidor dessa música assim. Às vezes acho escárnio, a pessoa liga o rádio, não é uma letra de Lulu Santos, “ela me faz tão bem”. O cara só fala que foi traído, um corno alegre. Não acho que Tim Maia seja isso. Um poeta como Itamar Assumpção, Cassiano, Luiz Melodia… Eu não vou ser o próximo. Não vou, porque eu tive essas pessoas pra me defender. Não é rancor, não é amargura, é porque já sabemos como a sociedade se porta conosco. Não deixaram o funk se erguer. Funk é o beat eletrônico mais moderno que tem. Se você não vai nas comunidades, não fornece uma educação literária, como quer que saia letra? Vai sair letra das vivências deles. Mas se tem consumidores, que são tantos… Quando você vê a música que gosta discriminada, você se perde, também acha que está discriminado, nessa mídia concentrada no sul do país e em algumas famílias. A internet é maravilhosa, legal baixar música de graça, é bom, é generoso. Mas generoso seria se baixássemos um quilo de feijão, ou a conta da luz, o leite, o café, a sobervivência.
iG: A discriminação do funk, ou de outros gêneros musicais, não é em grande medida racial?
Carlinhos Brown: Coincide. Mas por que quando se fala em racial só quem se fode são os pretos? Não venha, não venha que não tem conversa. A gente não é preconceituoso, a gente se aceita. Tudo que nós queríamos foi reafricanizar o Brasil, e nós conseguimos passar o jeito, a forma de suingar. E ficam aí, “o pagode não pode”, “essa música não é boa”. Nego utiliza as palavras pagodeiro e traficante com a mesma ênfase, como se o pagode estivesse dentro da ilegalidade (um homem negro se aproxima e se declara baiano e grande fã de Brown).
iG: As barbas brancas estão fazendo efeito, ele chamou você de senhor.
Carlinhos Brown: Mas é porque na Bahia me associam ao mestre. Tem segredos rítmicos e percussivos, e fui herdando coisas, fui ganhando todos esses anéis. Este aqui vem com os negros de Angola, ganhei do mestre Pintado, que passou da avó Benvenuta para ele. Negra, hein? Parece italiana, né? Passou no mínimo por outras duas gerações. Já tenho a pessoa pra quem vou dar. É um menino, louro dos olhos azuis. Mas é mestre de percussão. É uma hierarquia, daquele que realmente pode.
iG: Nós estamos falando de candomblé, ou não necessariamente?
Carlinhos Brown: (Hesita.) Não necessariamente… É, vamos dizer que talvez. Tem umbanda… Mas, falando em candomblé, o ritmo funk é terreiro, é o terreiro eletrônico.
iG: Por isso você chamou Mr. Catra para um dueto com você em Adobró?
Carlinhos Brown: Ah, sim, pra mostrar essa coisa. E ele chegou assim (imita a voz grave de Catra), “pô, malandro, você já fez o creque”. “Que diabo é creque, Catra?” “Eu tô trabalhando nisso, você já fez, eu ia misturar tudo.” “Só fui pegando coisa eletrônica e botando.” E ele: “Tamborzão!”. Fez aquilo na hora. Eu disse: “Catra, você é meu parceiro na música”. “Mas eu não fiz isso, não.” “Você é meu parceiro, a gente é parceiro nisso.” Por isso brinquei que é Bahioka Funk. Da Portela de Paulo da Portela a Papin de Los Papines, em Cuba, somos todos bantos, ou bantus. E eu sou nganga.
iG: Não sei o que é…
Carlinhos Brown: Tá, eu vou lhe explicar (risos). O nganga é um intercessor. Tem que ter uma pequena compreensão que vem de sons, mas tem que compreender o ser humano e saber interferir no emocional, tanto na partida como no cotidiano, no nascer ou na morte. No fundo, no fundo, eu sou um abicum obicurá. Um abicum é uma pessoa que nasce com orixá determinado, nunca ouviu falar história de cabeça feita? Sou Ogum, pelo dia de hoje. E sou abicum obicurá, que é raro mesmo. Tenho que estudar a vida inteira pra saber me cuidar, e cuidar dos outros. Um obicurá tem uma ancestralidade aguçadíssima, então pode ir no passado e no futuro com muita facilidade, da mesma forma que uma pessoa vai num livro estudar uma matéria, e muitos olham como inteligente, um orador. Sou filho do vento e da intuição.
iG: E os outros três anéis?
Carlinhos Brown: Este aqui foi um bispo que me deu. A igreja brigava muito comigo, porque fiz a música da camisinha. E não era uma campanha, eu via o problema de Aids, a galera da Bahia não é brincadeira no carnaval, e quem vai também quer cair na madeira. E a igreja é contra. Mas eu não tinha essa noção, e o bispo, dom Lucas, implicava muito comigo. Aí eles descobriram que eu já tinha outros carinhos, o dom Avelar foi um instrutor maravilhoso na minha vida. O frei Hildebrando instalou no ano de 1949 o Retiro de São Francisco no bairro do Candeal, uma roça ecumênica, de espíritas, terreiros e tudo, dentro de toda essa liberdade. Sou filho de Santo Antônio, faço trezena, às vezes de três dias, às vezes de 13. O bispo me deu e disse: “Carlinhos, a igreja é rígida, nós temos preceitos e dogmas que precisam ser respeitados. Mas nossas discussões também nos levam a nos modernizar. Você é um filho de Santo Antônio, amado e querido. Tenho um presente, tchau”. Foi isso, não foi nada de outro mundo. Este outro é a Santa Cruz, que era de meu avô Bertolino Gonçalves. Mas ele não é católico, não. E esse aqui é de barões do cacau. A pessoa que me deu disse que eu era líder, não sei o quê. A Bahia é cheia dessas coisas.
iG: Como era sua vivência com os terreiros, quando era criança?
Carlinhos Brown: Morria de medo, saía correndo. Até hoje eu corro léguas. Tem coisas que são muito fortes. E forte não é que é do mal, é que emociona muito. Uma das coisas mais impressionantes do terreiro é você ir ver uma festa e tocar a música do seu orixá. A pessoa diz “não”, pra não entrar em transe, rapaz, é o “não” mais lindo que possa existir. Você acha que todo mundo entra em transe porque quer? Não, já é, foi Tata que me deu o transe. Pessoas de 80 anos dançam parecendo que têm 17. O que é isso, gente? Não é o transe eletrônico. No eletrônico tem o ecstasy, no máximo numa festa de caboclo você toma uma jurema, feita com raízes, sem álcool. Eu nasci em roça. Chamam de roça o terreiro. Tenho uma história bem louca, que confunde com a de muitos brasileiros. Você acha que só os paulistas vieram dos italianos? Eu também.
Fonte: Último Segundo
Na entrevista a rainha do axé revelou o que está preparando para o carnaval 2011, seu ponto de vista sobre as recentes comparações que vem recebendo da mídia estrangeira, sua consagrada carreira internacional, e sobre o seu audacioso projeto do DVD que será gravado em pleno réveillon do Rio de Janeiro. Confiram a entrevista completa!
Portal Axezeiro: 25 anos de Axé Music e 18 anos de predominância no cenário da música brasileira. Qual a sua contribuição dentro desse universo?
Daniela Mercury - Eu acredito que minha contribuição tenha sido a própria caracterização do gênero. Eu trouxe o lado da MPB pra cima do trio elétrico. Essa é minha contribuição para a história da música popular brasileira como um todo. Toda a história do samba da Bahia, o meu vínculo com o samba reggae faz essa ponte do samba, desde Dorival Caymmi, Assis Valente e tantos outros grandes artistas brasileiros. E daí pra diante a minha relação também com a cultura, sempre vinculando alguma raiz, alguma tradição, como os galopes, que vêm do São João, letras que são crônicas da nossa vida nesse período. Sempre um olhar de fortalecimento da população, da comunidade, da negritude, do povo negro que predomina na minha cidade e a auto-estima do meu povo através das minhas canções. Essa tem sido minha contribuição. Manter essa relação entre a história da música brasileira e a minha geração e tudo que a gente faz.
Sempre busquei ser uma provocadora e sou muito inquieta. Procuro trazer outras linguagens para o trabalho, fazendo fusões, provocando o novo. Estou sempre buscando renovar.
Não tenho a pretensão de dizer o que precisa ser feito. Meu desejo é sempre de que as pessoas tenham coragem de lutar pela arte, de construir carreiras pautadas na arte, de forma criativa, renovadora. Isso é sempre bem vindo.
Desejo que sempre apareçam artistas novos, renovando a música brasileira, com coragem, criatividade e que os que já estão estabelecidos tenham sempre coragem de reinventar suas carreiras, de ir por caminhos inusitados. Isso é muito rico, já que o Brasil é um país com tanta diversidade musical. Isso é o que dá frescor, isso é o que fortalece a musica brasileira: gente criativa, talentosa e corajosa
PA: 6° DVD de sua carreira, especulação enorme em cima deste novo projeto. Porque o Rio de Janeiro foi escolhido como cenário deste concerto?
DM: Porque o Rio de Janeiro é um dos centros culturais mais importantes do país, onde eu encontro uma identidade muito forte com o meu trabalho, através dos ritmos, da vibração, da alegria. Quando chega o verão, essa proximidade fica maior ainda. É uma cidade litorânea, linda, de um povo vibrante, comunicativo. É um lugar extraordinário pra fazer um DVD. Eu já tive a chance de fazer grandes apresentações no Rio, como o show da Apoteose, que gerou um Especial para a TV Globo; o PanAmericano e tantos outros grandes eventos, mas nunca havia gravado um DVD na cidade maravilhosa . Com esse DVD provocarei um diálogo maior com a população do Rio e com o Brasil através do Rio de Janeiro.
PA: Você já gravou DVD em cima do trio, no Farol da Barra, em casas de shows e agora irá gravar dentro no reveillon. Como surgiu essa idéia?
DM: Eu já estava programada para gravar o DVD no Rio. Já tinha o projeto e estava aguardando a melhor oportunidade para isso. Queria que fosse uma data especial em que o show - Canibália - pudesse ser uma grande celebração, na rua, para o povo do Rio de Janeiro. E aconteceu de eu ser convidada pela Globo para fazer o reveillon. Eu achei que era uma data maravilhosa, com um cenário espetacular. Milhões de pessoas nas areias de Copacabana, com o espírito de renovação que o réveillon traz. O meu show tem muito de música popular brasileira. É um show vibrante, alegre, com muito samba. Achei que seria uma grande celebração do Brasil, dentro de uma festa que já tem esse espírito. Achei que esses dois projetos combinavam e se completavam. Fiquei muito honrada e alegre com o convite e aceitei esse desafio. Espero que o "Canibália" faça as pessoas virarem o ano com mais amor pelo Brasil.
PA: Quais são as participações que estarão presentes na gravação e qual o critério que você adotou para convidá-las?
DM: Escola de Samba Unidos da Tijuca e AfroReggae, do Rio de Janeiro; Banda Didá, da Bahia; e o Boi Garantido, do Festival de Parintins, do Amazonas. Quatro vertentes percussivas do Brasil, algumas mais urbanas, mais ligadas às fusões do funk com o samba e com as levadas percussivas cariocas, como o AfroReggae. A banda Didá que é uma síntese da música afro baiana recente. A escola de samba Unidos da Tijuca que vem trazendo todo o esplendor do Rio de Janeiro, com a força e com suas fantasias e carnavalescos extraordinários numa visão estética única que o Brasil tem, não só rítmica, mas estética também... E Parintins, trazendo sua batucada. Lá, eles chamam a percussão de batucada. A batucada deles tem variações rítmicas que não são populares no Brasil ainda. Estou levando para o DVD essa estética do Norte, com suas rendas, figurinistas e artistas plásticos. Essas quatro vertentes vêm para complementar todo o roteiro do show, que traz dezenas de variações rítmicas brasileiras, baseadas na MPB e também na tradição, mas com a renovação que eu trouxe para o meu trabalho. Trago com isso estéticas plásticas e visuais junto com as rítmicas, o que contribui para a diversidade cênica e musical do Projeto Canibália.
PA: Esse ano você lançou uma música forte para o carnaval de 2011. Como andam os projetos para a folia de Momo?
DM: "É carnaval", sem dúvidas, é uma musica que reforça essa festa que é uma das bases do meu trabalho, em um ambiente que eu estou sempre muito presente, buscando sempre acrescentar visualmente, musicalmente... É uma canção que dá vitalidade para a festa. A própria canção fala disso: "Preta festa santa/ santa fé pagã/ alegria, dança/ a pé de manha. Luminosa arte/ cria de olorum/ se o amor se reparte/ somos todos um". O tema do meu carnaval é "Carnaval é arte" e eu vou misturar diversas linguagens artísticas: teatro, artes plásticas, dança e música em cima do trio. Isso feito com o mesmo cuidado estético que eu tenho tido, mas trazendo obviamente novidades e trazendo as artes plásticas mais fortemente para a cena do carnaval, para enfeitar ainda mais o carnaval. Comando o Bloco Crocodilo, domingo, segunda e terça, na Barra. Ainda o trio sem cordas e o meu camarote, em parceira com a Revista Contigo!, que é realmente um centro de divulgação do carnaval, para onde eu convido o mundo inteiro para vir sentir de perto a beleza do nosso povo nas ruas. O carnaval da Bahia ganhou força com grandes artistas brasileiros que estão sempre fortalecendo a festa, que é uma festa antropofágica, de diversidade. Junto com "Carnaval é arte", vou contemplar o tema do carnaval escolhido pela Prefeitura, que é a percussão. Como meu trabalho tem a percussão como base, eu vou fazer invenções para mostrar como essa percussão tem contribuído para a música do Brasil, que tem tudo a ver com o meu DVD.
PA: 2 milhões de pessoas irão assistir a essa gravação do seu DVD no reveillon da cidade maravilhosa. O que essas pessoas podem aguardar da Daniela?
DM: Um espetáculo cênico, colorido, plástico... Tem um telão enorme no palco e Gringo Cardia que é o cenógrafo do show e do DVD está preparando imagens lindas. Será um espetáculo vibrante, belo para se ver, divertido para se dançar e rico de brasilidade. Um espetáculo de integração com o público, de aproximação, de diálogo contínuo e de celebração da virada do ano, que é o que todo mundo está esperando por lá. Eu vou entrar nesse espírito e colaborar para que a gente vire o ano com muita alegria, força, paz, energia positiva e reforço a nossa brasilidade.
PA: Daniela, você é uma artista que não expõe sua vida pessoal para o público. Esse seu resguardo não atrapalha sua carreira artística?
DM: A intimidade que eu acho interessante para as pessoas é mostrada. O que eu acho que pode acrescentar no processo criativo, como eu trabalho com a banda, como são construídos os arranjos, quais são as inspirações poéticas... Eu digo que há muito mais intimidade nas músicas do que as pessoas poderiam perceber, ainda que abrisse a minha casa todos os dias. Eu não sou diferente no palco do que sou na minha casa. Então eu dou para o público o que eu acho que é interessante, o que é rico e que pode acrescentar algo para as pessoas. E tento oferecer o melhor de mim o tempo inteiro, já que sou uma artista que estou sempre em contato com a maioria da população, com um contato humano contínuo, através de entrevistas, shows, making ofs, redes sociais, através de meu blog, meu twitter, sites... Tento comunicar tudo relacionado ao que faço porque eu acho que é o que há de mais interessante e enriquecedor para as pessoas. E o meu trabalho é o fruto de minha alma, de meu coração e da pessoa que eu sou.
PA: Você é uma das poucas artistas brasileiras que consegue atingir as comunidades de diversos locais fora do país, muitos críticos te comparam a Carmen Miranda, outros a Madonna, e recentemente a intelectual pós-feminista dos Estados Unidos Camille Paglia polemizou com o trabalho de Lady Gaga comparando com a sua originalidade. Como você lida com essas comparações?
DM: Fico lisonjeada com o reconhecimento sobre minha espontaneidade, a força do meu trabalho, a minha feminilidade pessoal, a minha capacidade de cantar e dançar, o reconhecimento a essa minha expressão maior que é a minha arte e até à minha pessoa. Algumas críticas de Camille Paglia obviamente me reforçam e me estimulam a manter o caminho que eu venho traçando desde o início da minha carreira. Um caminho de seguir meu coração, minha intuição, de valorizar a brasilidade, a baianidade, a cultura do meu país, que foi isso que mais me interessou e foram coisas citadas por Camille Paglia. Fico muito feliz do reconhecimento também da cultura brasileira, junto com meu trabalho, do interesse pela música brasileira. Que eu possa não só mostrar o meu trabalho e ter esse reconhecimento, mas que isso seja um canal para que a própria Camille conheça mais a música brasileira. Sou uma artista que convivo com as diferentes linguagens e vejo isso com curiosidade e interesse sem fazer juízo de valor.
PA: Falando nesse seu reconhecimento internacional, você tem interesse em gravar um DVD no exterior?
DM: Eu já fiz especiais de TV em Portugal, na Argentina, que não foram lançados como produtos, tipo DVD, mas eu tenho muitos shows transmitidos para o mundo inteiro, feitos originalmente no exterior e que o Brasil nem teve conhecimento. São muitos projetos, muitos shows no mundo todo, incluindo Estados Unidos com shows em grandes centros culturais como Lincoln Center, Kennedy Center, Hollywood Bowl, shows grandes de rua, em estádios de futebol, tem o DVD do Cirque Du Soleil, que celebra os 25 anos do Cirque e que foi gravado em Montreal, em 2004, cantando 2 canções compostas por eles especialmente para eu cantar. Já fiz bastante coisa fora do país e gravar um DVD no exterior é algo que pode acontecer a qualquer momento.
PA: Para finalizar mande um recado especial a todos os seus fãs e internautas do Portal Axezeiro que estão torcendo por mais uma realização na sua carreira profissional.
DM: Alô turma do Portal Axezeiro, parabéns pelo trabalho de vocês, sempre divulgando a música baiana e ligados em tudo que acontece na cidade. Todo mundo deve acessar o Portal Axezeiro, para sentir a energia dessa cidade e saber o que está acontecendo. Parabéns pelo talento de fazer esse site. Quero mandar um beijo para cada um e convido vocês para viverem o espírito dessa nova canção "É Carnaval". Convido o mundo pra vir pra cá no carnaval. Esse ano eu estou com o Bloco Crocodilo, com a parceria com a Revista Contigo! divulgando pro mundo inteiro o nosso carnaval, pra gente trazer mais gente, para o bloco ficar mais animado, mais poderoso. Vou fazer o trio sem cordas, meu camarote vai estar badaladíssimo esse ano, vocês já são meus convidados. Espero vocês no carnaval. Estou com vocês!
Fonte: Axezeiro
Já toca nas rádios da capital baiana a música escolhida por Margareth Menezes para o verão 2010-2011. Saudação a caboclo, também conhecida como Selei, é a aposta da cantora. A composição, de Gilson Quirino e Cacau Araújo, tem sido bem recebida pelo público nos shows e teve o seu primeiro registro no DVD Naturalmente Acústico, lançado recentemente. A canção tem um apelo bacana, é alegre, fala de coisas boas e eu adoro cantar! Me identifiquei com ela desde a primeira vez que ouvi, diz Maga.
Clique aqui e confira o vídeo.
Fonte: Axezeiro