A música “Rebolation” caiu nas graças da Bahia e já virou hit de verão em Salvador. O pagode baiano realmente parece que vai tirar o trono do axé, que completa 25 anos em 2010, durante o carnaval baiano deste ano. Além do grupo Parangolé, comandado pelo cantor Léo Santana, eleito a revelação da folia de 2009, a banda Psirico também permanece como destaque na opinião de Caetano Veloso, por exemplo. Neste ano, além do antigo sucesso “Cole na corda”, Márcio Victor lançou “Pode pular”, mistura de samba, pagode e pop.
Na temporada de verão, o “Rebolation” já foi cantado por Daniela Mercury durante os ensaios de carnaval, por Ivete Sangalo, em seus shows, e até mesmo por Cláudia Leitte, que encerrou a apresentação no Festival de Verão cantando a fazendo a coreografia no palco.
A música foi composta por Léo Santana e Nenel. Tocada pelo Parangolé, tem batidas eletrônicas e foi inspirada no som das raves. A coreografia foi gravada em um clipe, encomendado pela Universal Music, com mais de 50 figurantes e dançarinos. “É uma alegria muito grande ter sido eleito o cantor revelação do carnaval do ano passado. A cobrança sempre será maior. Espero que todos gostem do ritmo e, principalmente, da coreografia”, disse Léo, que tem se apresentado com 40 dançarinas no palco.
Caetano Veloso acredita que o pagode seja mesmo a cara atual da Bahia. “É um som forte e que tem tudo a ver com Salvador. É mais pop que a música pop. Exemplo disso é que, apesar de gostar dela, não consigo mais ouvir a Beyoncé no rádio. O som do Psirico me parece muito mais gostoso e muito melhor que a Beyoncé. O pagode baiano é a forma mais recente do samba. É o que temos de mais forte agora”, disse o cantor, que já teve Márcio Victor como um de seus percussionistas.
O cantor continuou a elogiar o ritmo do pagode baiano. “O Rio de Janeiro começou a fazer muita música de carnaval e depois chegou ao samba-enredo. Aqui na Bahia é diferente. Há uma riqueza, um tesouro musical que é muito forte e vai contra toda a caretice que existe”, disse Caetano Veloso.
Caetano Veloso canta 'Cole na corda'na abertura de seu show em Salvador
Além do "Rebolation' outra música que tem animado as ruas de Salvador é “Na base do Beijo”, de Ivete Sangalo, que também já é cantada por outros artistas e se potencializa como forte candidata a hit de verão. Cláudia Leitte também aparece com a música “As máscaras”, que ela canta nos shows desde dezembro e o público já faz coro por onde passa.
Mistura total
O sertanejo também aparece como uma das opções que os baianos fizeram para ouvir na temporada de verão. Em 2009, Vitor e Léo tocaram no Festival de Verão de Salvador, e encerraram uma das noites do evento em grande estilo e com direito a coro de mais de 50 mil pessoas. “Não temos essa coisa de rótulos. Não escolhemos músicas para ouvir e para tocar assim. Não temos essa coisa de bairrismo, de que somos uma dupla sertaneja na terra do axé. A própria Bahia é uma mistura de ritmos. Somos da roça, mas gostamos do que toca fora dela.”
A dupla Jorge e Mateus, navegam pelo axé e sertanejo desde 2008, quando vieram pela primeira vez para Salvador. A dupla foi convidada pelo músico baiano Alexandre Peixe. "Ainda acho que o axé ainda é grande inspiração musical. O axé será o grande ritmo deste verão", disse Jorge.
O forró também tem dado as caras no território baiano há pelo menos quatro anos. Durante o Festival de Verão de Salvador, o grupo Aviões do Forró se apresentou e parece já ter uma identidade com o público local, já que desfile no carnaval da capital baiana com um trio elétrico. "O axé é a música da Bahia, mas o povo abraça a música como um todo, abraça também o forró", disse a cantora Solange, que é baiana e divide o microfone do Aviões com Xandi.
Axé histórico
Daniela Mercury lembrou dos primórdios do trio elétrico para falar do que a Bahia toca e ouve atualmente. “Nos anos de 1980, a nossa geração tocava rock. A gente não tinha repertório de carnaval, por exemplo. A gente fazia galopes de São João, depois veio o frevo. Só muito tempo depois, com inspiração na MPB é conseguimos chegar no axé.”
Carlinhos Brown, que se apresentou com a Rainha do Axé no Festival de Verão, compartilha da opinião de Mercury, mas faz uma ressalva sobre a importância do axé na Bahia. “O trio elétrico completa 60 anos, o axé faz 25 anos, mas os tambores da Mãe Menininha do Gantois completa 120 anos. Sem isso, a Bahia não teria nada, então, é preciso não deixar que isso seja esquecido. Precisamos dar valor ao que realmente tem valor.”
O cantor Bell Marques, do Chiclete com Banana, disse que o axé e a música baiana como um todo ainda será o hit de verão. “Desde que ouvi a música ‘Pombo correio’, no começo da minha carreira, nunca mais deixei de gostar da música baiana."
Marques disse essa é a terceira geração de pessoas que ouvem axé. "Dodô e Osmar foram as grandes inspirações que tive para começar a seguir a vida artística”, disse o músico, que tem a peculiaridade de se apresentar nos dois circuitos de carnaval baiano, durante as quatro horas de desfile, apenas com hits próprios, sem fazer covers ou versões de outras músicas.