Os leitores do Universo Sertanejo escolheram, através dos comentários no blog, de emails e do twitter, os melhores CD’s de música sertaneja em 2009.
Não houve nenhum tipo de restrição, qualquer álbum trabalhado no ano de 2009 poderia concorrer.
Curiosamente, foi um ano em que quase todo mundo apresentou projeto novo, então apenas dois trabalhos do final do ano passado apareceram na lista dos mais votados.
O 9° lugar ficou empatado, portanto aparecem os dois aí. Lembrando que a lista foi feita exclusivamente pelos leitores do blog.
Abaixo, a lista. Ao final dela, um texto com o melhor CD do ano de acordo com a opinião do blog.
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10° - Vendaval (Fernando e Sorocaba)
Enquanto o sertanejo era dominado pelo estilo festeiro do “universitário”, uma dupla aparecia com assumida influência country, fazendo o que poucas duplas fizeram na música sertaneja. O CD “Vendaval”, que sucedeu o “Bala de prata”, tocado à exaustão nas festas de rodeio ao redor do Brasil, foi a afirmação de uma dupla que tem um estilo bem formado e não pretende abrir mão dele tão cedo (e, convenhamos, nem teria motivo para tal). Sorocaba demonstrou um grande talento em fazer canções de refrão marcante e ritmo fácil. Fez o country cair no gosto popular sem forçar a barra, e colocou “Paga pau” no topo das paradas em todos os estados do Brasil.
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9° - Duas horas de sucesso (Zezé di Camargo e Luciano)
Após passarem por todos os cantos do país apresentando o show, Zezé e Luciano resolveram transformar o “Duas horas de sucesso”, sucesso de público, em CD e DVD. Se alguns fãs se mostraram insatisfeitos com mais um DVD baseado em sucessos da dupla, um ponto muito positivo é inegável: o resgate que foi feito de canções do início da década de 1990 (”Faz mais uma vez comigo”, por exemplo), que não eram apresentadas há anos, e que muitos jovens acabaram conhecendo nas vozes de duplas novas. Como se trata de um trabalho sem músicas inéditas, é difícil que canções emplaquem nos rankings das rádios, mas nem isso fez com que as vendas baixassem ou que a imensa legião de fãs diminuísse.
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9° - Esse alguém sou eu (Leonardo)
Gravado ao vivo em São Paulo, no mês de abril, “Esse alguém sou eu” é um CD que celebra toda a carreira de Leonardo, com sucessos da carreira solo e, principalmente, com canções, além das mais batidas, de Leandro e Leonardo. Apesar de já ter feito um ao vivo com canções consagradas, faltava um álbum grandioso para ficar marcado na discografia do cantor. E para a alegria dos fãs, Leonardo fez questão de deixar de lado o novo sertanejo e permanecer com os metais e os backing vocals que sempre o acompanharam, junto a sua interpretação sempre tristonha das canções. Foi uma das maiores surpresas do ano.
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8° - Tem tudo a ver (Eduardo Costa)
O segundo CD de estúdio após assinar com a Universal Music é considerado, pela imensa maioria de quem acompanha seu trabalho, melhor que o anterior. Diversas canções lembram seus trabalhos antigos, que o fizeram chegar ao patamar em que está hoje. Após tanto tempo de boatos e especulações, a parceria com Zezé di Camargo e Luciano na canção “Juro que te esqueço”, composta por Zezé e Piska, engrandece o trabalho e deve estar, no ano que vem, na programação da maior parte das rádios sertanejas. É o artista que mais se destacou nos últimos anos fora do “eixo universitário”, e seu sucesso mostra a força da música sertaneja de sofrida, de exagero por amor, com interpretações rasgadas e que atendem a uma imensidão de fãs carentes desse tipo de música.
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7° - Despedida (Edson e Hudson)
O trabalho que encerra a carreira de dois talentosos irmãos é um dos bons discos da dupla. Apesar de o nome “Despedida” ter incomodado muita gente, e a notícia da separação, sem que o assunto tenha sido aprofundado, ter criado certa antipatia em pessoas que gostavam da dupla, o CD é um belo exemplar do que sempre foi Edson e Hudson: um primeira voz extremamente talentoso e um segunda voz guitarrista que trouxe influências de músicas pesadas de uma forma que nenhum outro sertanejo havia conseguido fazer. Independentemente de apostar em uma volta ou não da dupla, foi um belo trabalho para se encerrar a carreira.
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6° - Curtição (João Bosco e Vinícius)
Após quase três anos caminhando como “a dupla que inventou o sertanejo universitário”, chegava a hora de João Bosco e Vinícius mostrarem que poderiam fazer um trabalho diferente, com o risco enfrentarem o cruel processo de “peneira” do mercado. Não só souberam encarar o desafio, como lançaram a música que pode ter sido a brasileira mais tocada do ano, “Chora, me liga”. Saíram daquele nicho jovem, e apesar de ainda ter nos universitários seu grande público, ninguém no país ficou alheio a seu sucesso. Com o carro-chefe sendo regravado em vários estilos (com e sem autorização), mostraram que há muito o que se esperar deles. De acordo com quem participou da gravação do novo DVD deles, vem coisa melhor ainda pela frente.
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5° - O Mundo é tão pequeno (Jorge e Mateus)
O segundo CD da dupla é responsável por uma expansão na carreira dos cantores que nem o primeiro trabalho conseguiu. Ele foi responsável por conquistar um novo público para a música sertaneja, aquele de classe mais alta, bem acima da classe média que consome música sertaneja há tempos. Das duplas da nova geração, nos bastidores, é na qual mais se aposta, principalmente por ter se desenvolvido um estilo próprio e pela equipe que trabalha junto aos cantores. O grande sucesso do CD é “Voa, beija-flor”, também na lista de músicas mais executadas do ano. É a dupla jovem que mais foi lembrada durante as discussões aqui no blog.
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4° - Borboletas (Victor e Leo)
Um dos dois CD’s da lista ainda lançados em 2008, mas que foram trabalhados ao longo de 2009. Se a qualidade fez com que eles tomassem essa posição na lista, a importância do disco vale ser ressaltada. Além de “Borboletas”, que muitos tratam como a grande canção da dupla, “Deus e eu no sertão” na abertura de uma novela elevou o status do álbum que, de quebra, ainda teve a versão de estúdio de “Tem que ser você” na trilha de “A favorita”. Foi o primeiro CD de estúdio gravado depois da assinatura do contrato com a gravadora. Nele, estão presentes várias canções que foram traduzidas para o disco em espanhol da dupla.
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3° - De volta aos bares (Bruno e Marrone)
Foi o CD que mais gerou discussão durante esse ano. Muitos acharam o projeto ótimo, mas não foram poucos os que defenderam a ideia de que o repertório poderia ter remetido mais a sucessos antigos da própria dupla (o que, na verdade, acabaria desconfigurando a ideia do projeto). O principal sucesso é a canção “Amor não vai faltar”, mais uma entre as mais tocadas nas rádios, principalmente nesse segundo semestre. Com produção impecável, o trabalho manteve alto o padrão da dupla, que há dez anos consegue se manter sem momentos baixos na carreira.
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2° - Voz do coração (César Menotti e Fabiano)
O outro disco de 2008 que apareceu entre os mais votados pelos leitores. Foi o CD da afirmação da popularidade da dupla, e tamanha foi a repercussão do trabalho que César Menotti e Fabiano optaram por preparar um novo CD apenas no ano que vem. O grande hit do disco, indiscutivelmente, é “Ciumenta”, tocada também em todos os ritmos possíveis e imagináveis em festas ao redor do Brasil. Diferentemente dos outros da lista, foi um disco amplamente trabalhado, e ainda entrou nos rankings das rádios com “Para de chorar” e “Tarde demais”. O CD serviu para tirar de vez o rótulo de universitário de cima dos irmãos, que hoje atingem todo o tipo de público. De todos os CD’s da lista, é o único que tem referências diretas com a música caipira.
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1° - Ao vivo e em cores (Victor e Leo)
O recente trabalho de Victor e Leo tem sido aclamado por muita gente como de qualidade superior aos outros lançados por eles.
É difícil querer comparar algo ao “Ao vivo em Uberlândia”, principalmente pela importância que teve na carreira da dupla, mas a impressão que passa, de fato, é que se trata de um álbum aperfeiçoado, mais refinado.
Ele segue algo básico, mas infelizmente não tão comum na música sertaneja: trata-se de um trabalho com começo, meio e fim. Segue uma linha, abre e encerra uma ideia. No entanto, o fato de o repertório ser em grande parte retirado do “Borboletas”, fez com que algumas pessoas optassem em não colocar o disco em suas listas (algo que eu até concordo em partes), mas não foi imposta nenhuma regra aqui justamente para que os leitores pudessem votar de acordo com o que achassem válido ou não.
Puxando o assunto mais para o lado sertanejo da história, a regravação de “Cavalo enxuto” com uma “nova roupagem”, termo que costuma arrepiar os mais conservadores, soou como uma agradável homenagem, mas ainda não foi o grande ponto.
O momento de imenso significado - e que o DVD ajuda a reforçar, apesar de estarmos falando exclusivamente do CD - é ver Renato Teixeira, aquele senhor calmo, de voz mansa, compositor de “Tocando em frente” e “Romaria”, dividindo a letra de “Vida boa” com uma plateia de maioria nascida após seus sucessos.
A primeira aposta do álbum, “Estrela cadente”, é uma tentativa de sair da mesmice e testar limites novos, já que música lembra quase nada os maiores sucessos radiofônicos da dupla, como “Fada”, “Amigo apaixonado” e “Borboletas”.
Por esses pequenos detalhes, somados a inúmeros outros não listados aqui, e com uma produção grandiosa, é que a maioria dos leitores elegeu “Ao vivo e em cores”, de Victor e Leo, como o melhor CD de música sertaneja de 2009.
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Opinião do Blog:
1° O mundo é tão pequeno (Jorge e Mateus)
Confesso que não me imaginava elegendo uma dupla da nova safra, mas também não imaginava o quanto alguma delas poderia surpreender, pelo menos a mim.
O mais recente trabalho de Jorge e Mateus lembra bastante o primeiro, e à primeira vista, me pareceu algo bem negativo. Tudo bem que fez sucesso, mas não poderiam ter tentado algo novo, mesmo que fosse coisa mínima?
O fato é que o CD deu muito certo, e a popularidade da dupla cresceu imensamente. Jorge e Mateus são goianos, e é bastante nítida a influência do sertanejo vindo do centro-oeste brasileiro, onde o romantismo e o lamento são intrínsecos a sua forma de cantar, independentemente do ritmo mais ou menos acelerado. Uma das verdades é que a dupla, em meio ao boom universitário, jamais entrou de cabeça no “sertanejo tira o pé do chão”, mesmo com suas inserções no axé, seja com parcerias com outros artistas ou apresentações em micaretas.
O pessoal mais desiludido com a música sertaneja atual talvez não tenha reparado, mas o disco da dupla traz algumas pérolas sofridas que não deixam a desejar aos clássicos dos anos 1990. Não à toa, as canções de João Paulo e Daniel se encaixam no estilo da dupla, e os refrões chicletes são a exceção, e não a regra.
Um dos grandes méritos do CD é ter passado longe da ideia do “catadão” de canções, algo que vem acontecendo com muita frequencia na música sertaneja. O trabalho tem uma cara, o repertório parece seguir muito bem uma linha, e há nessa homogeneidade uma variedade de hits que recentemente só se viu nos discos de estreia de Victor e Leo e César Menotti e Fabiano.
Com um estilo cada vez mais próprio e facilmente reconhecido, a dupla conseguiu atravessar os arredores do público de classe média e, além de se apresentar na Daslu e dentro de um cruzeiro de luxo, viraram frequentes em rádios AM ouvidas pelo que a gente carinhosamente chama de “povão”.
Até Zezé di Camargo, um dos críticos mais diretos desses novos artistas sertanejos, já declarou em público sua admiração pela dupla. E quando pessoas tão diferentes gostam do mesmo artista, é hora de olhar para ele com um pouco mais de atenção.
Logo que foi lançado, o CD se destacou com “Vou fazer pirraça”, mas nenhuma música conseguiria fazer frente para “Voa, beija-flor”, o maior acerto da carreira da dupla. A história da canção, básica, é do rapaz que manda a mulher embora por não aguentar mais sofrer. A metáfora com o pássaro, simplesmente a mais antiga da música sertaneja.
A capacidade de atingir públicos tão distintos de uma só vez, o aumento exorbitante na popularidade dos jovens, e a importância que o trabalho tem para a carreira da dupla, fazem de “O mundo é tão pequeno” o grande CD de 2009.
Fonte: Universo Sertanejo