Zezé di Camargo & Luciano começaram sua carreira de sucesso há 18 anos. Antes disso, Zezé fez parte de outras duplas e também lançou dois CDs solo
Há 18 anos na estrada, a dupla Zezé di Camargo & Luciano se mantém em alta. Seu mais recente disco de estúdio já ultrapassou a marca de 400 mil cópias vendidas, feito que pouca gente anda conseguindo no atualmente magro mercado nacional.
O recém-lançado CD/DVD Duas Horas de Sucesso, gravado ao vivo, já vendeu, somados os dois formatos, mais de 200 mil cópias. O filme sobre a história de vida da dupla, Os Dois Filhos de Francisco, quebrou recordes de público. Mesmo assim, os irmãos goianos continuam sonhando.
Em entrevista exclusiva ao R7, Zezé Di Camargo nos conta tudo o que anda fazendo atualmente.
R7- Como está sendo a turnê de lançamento do CD e DVD Duas Horas de Sucesso?
Zezé di Camargo - Na verdade a gente nunca faz turnê em cima do repertório completo de um trabalho novo. Basicamente vamos incluindo os novos sucessos, aos poucos. Não gosto de incluir no repertório dos nossos shows músicas que ninguém conhece. A dupla teve 92 sucessos até hoje. Já não conseguimos tocar todos os sucessos. Imagine se eu deixar uma canção conhecida de fora para cantar uma que ninguém conhece? Não faz sentido. Quando vou a um show e não ouço os principais sucessos daquele artista, sempre saio insatisfeito. Por exemplo: nesse DVD/CD novo ao vivo, eu experimentei não colocar É O Amor, que já aparece em outros DVDs ao vivo. E teve gente que reclamou!
R7- Vocês surgiram em 1991, quando o mercado discográfico no Brasil estava vivendo um tempo de glórias, de milhões de discos sendo vendidos. Hoje, a coisa ficou bem feia. Como você avalia o momento atual?
Zezé - As gravadoras ainda não arrumaram um jeito novo de vender música, de como substituir o que conseguiam antigamente com os CDs. Comparar os nossos números atuais com os antigos é frustrante. Antes a gente já saía com um milhão de discos vendidos logo de cara. Hoje conseguimos 400 mil do CD do ano passado e não dá para reclamar, pois a maioria não consegue vender nem 100 mil, nem 50 mil.Vejo um mercado nebuloso, difícil de a gente prever como será no futuro.
R7- Uma das opções pode ser vender música pela internet. Como você encara essa possibilidade? Qual é a sua relação com a internet?
Zezé - Eu encaro a internet como se fosse o pinico do mundo, pois jogam as merdas lá e ninguém se responsabiliza. Em certas coisas prejudica muito as pessoas, os artistas. Você não é mais dono da sua vida. Está lá conversando com um amigo em uma
festa e de repente alguém te grava e coloca na rede. É absurdo! Mas fazer o quê? Não vou ser contra o mundo.
R7- Hoje é muito mais fácil para um artista gravar do que quando você e o Luciano gravaram seu primeiro disco como dupla. Como encara essas facilidades tecnológicas? Acha que isso tem ajudado a surgir gente boa por aí?
Zezé - No nosso tempo era mesmo mais difícil para gravar. Hoje o pessoal transforma o limão em uma limonada, pois existem mais facilidades para gravar. Todo mundo consegue gravar. Mas é uma terra de ninguém. Lógico que nesse meio sempre surgem coisas boas, mas a grande maioria é ruim.
R7- Tem muitos artistas da geração de vocês que hoje gravam de forma independente, criaram seus próprios selos. Vocês, no entanto, continuam vinculados a uma grande gravadora, a Sony. Pensam em partir para a independência, também?
Zezé - A maioria dos artistas que saiu das grandes gravadoras não fez isso por opção e sim porque as gravadoras não os queriam mais. É bem melhor você estar em uma gravadora grande como a Sony, pois é onde você tem estrutura para trabalhar, para poder ter sua música divulgada em todo o país, ter seus discos vendidos em todo o país. Não quero saber de independência, não.
R7 - Como está a agenda de shows de vocês? Qual são os critérios que vocês usam para marcar shows?
Zezé - Vamos fazer um total de 130 shows este ano. Poderíamos até fazer mais mas a gente toma muito cuidado com onde iremos tocar. Não fazemos shows em qualquer lugar, nem para qualquer contratante. Tudo é bem pesquisado para que a gente não entre
em fria, somos muito rigorosos com isso, pois sempre queremos oferecer o melhor a nossos fãs.
R7- Este ano vocês fizeram seus primeiros shows em um navio. Como foi a experiência? Vai ter bis em 2010?
Zezé - Foi um sucesso! Tanto que faremos novamente, desta vez com um navio ainda maior, no qual cabem 3.840 passageiros. Se somar com a tripulação etc, são em torno de 5 mil pessoas. Faremos três shows lá, será do dia 28 de fevereiro ao dia 3 de março.
R7- Já tem planos para um novo CD de estúdio? Você sempre teve a preocupação de misturar composições suas com de outros autores para mesclar melhor o resultado, continuará fazendo isso?
Zezé - Sim, a ideia é lançar em abril de 2010. Gosto mesmo dessa mistura. Aliás, nem será preciso ter tantas músicas de minha autoria no disco. O que de fato me importa é que o CD fique bom.
R7- A dupla Zezé di Camargo & Luciano já realizou muitos sonhos. Tem algum que você ainda gostaria de realizar?
Zezé - Um grande sonho que tenho é um CD só com músicas do Roberto Carlos. Já gravamos duas músicas do repertório dele em nossos discos e um inteiro só com músicas dele seria maravilhoso. Não sei se ele liberaria, pois o Roberto é bem rigoroso ao liberar esse tipo de trabalho. Mas é um sonho. Se há uma coisa que canto com muito prazer são as músicas do Roberto e canto bem, modéstia à parte.
R7- Vocês esperavam o sucesso que Os Dois Filhos de Francisco acabou obtendo? Qual a importância do filme na trajetória da dupla?
Zezé- Vou ser sincero: não esperava toda essa repercussão, não. O sucesso do filme acabou sendo uma chancela de qualidade para o nosso trabalho de uma vez por todas. Aproximou as pessoas da nossa carreira em todos os níveis sociais. Atingimos até a elite, um nicho que não era nem nosso. Agora mesmo, fomos convidados pelo José Milton, que é um produtor conhecido por seus trabalhos com artistas de MPB, para regravar a música Meu Primeiro Amor para a trilha do filme sobre o Lula. Para ele, só nós teríamos a credibilidade para regravar essa música para o filme. Viramos referência.
Fonte: R7