O novo doce do baleiro do Zeca é a primeira parte de um projeto cuja cara metade virá à tona no dia 17 de setembro, quando três faixas do segundo volume de O Coração do Homem-Bomba serão disponibilizadas gratuitamente para download em seu site (www.zecabaleiro.com.br). O disco inteiro sairá em novembro.
"É o que eu chamo de 'estratégia de traficante': o primeiro é de graça", brinca o músico.
Devido à intensa fertilidade de idéias, o novo CD de Zeca Baleiro precisou ser dividido em dois.
"Nunca gostei de disco duplo e também acho indigesto lançar dois álbuns separados, como a Marisa Monte fez. Acho interessante ter uns meses entre o lançamento de um e de outro",diz Baleiro.
"Dessa forma eles não são irmãos, mas são primos", completa.
O título do álbum e do tipo de lançamento ¿ em duas partes ¿ pode sugerir para alguns tratar-se de uma obra conceitual, mas o cantor e compositor descarta.
"Esse lance de conceito é parada de marketeiro, não de músico", afirma.
"Maldito" é um rótulo que já lhe foi associado, mas que Zeca Baleiro também rejeita.
"Já falaram isso, mas não me encaixo no 'maldito'. Hoje, vejo que todos os que ganharam esse estigma vivem terrivelmente angustiados, como que com uma certa amargura da vida. Acredito que tenha sido por uma falta de jeito para lidar com certas situações, porque eu acredito que se colocar o Itamar Assumpção na abertura de novela, vai fazer sucesso", aposta o músico.
"Sempre tentei trilhar meus caminhos da minha maneira, mas não quero esse rótulo", diz.
A música de Zeca Baleiro é mesmo difícil de ser classificada apenas em um gênero. Tem elementos de diversas vertentes em seu som, que acaba se tornando um "jeito Zeca Baleiro de fazer música" que não é igual a nada e tem influência de um pouco de tudo.
"Sofri muito com isso. Eu não era suficientemente rock para tocar em rádios de rock nem suficientemente MPB para as rádios de música brasileira", desabafa o cantor.
Sua musicalidade multifacetada cria idéias que ainda pretende colocar em prática, como um CD inteiro dedicado às composições de Sérgio Sampaio, um disco infantil (ele tem um casal de filhos, de 10 e 8 anos) e um só de sambas.
"Eu tenho já todas as músicas prontas. Quando eu falo, as pessoas acham que eu estou querendo embarcar em uma onda que deu certo, mas a verdade é que minha idéia do CD infantil é anterior ao da Adriana Calcanhotto", garante Baleiro.
"O samba está muito 'na roda', então resolvi também não realizar o projeto do samba ainda. O Caetano mesmo falou que gostaria de lançar um CD de sambas, mas desistiu por diversos motivos, e eu acredito que um deles seja o fato de parecer que está chupando a idéia de alguém. Logo o Caetano, que não precisa chupar idéia de ninguém, né? Ele pode até chupar outras coisas, mas idéias não!", diverte-se.
Zeca Baleiro ainda pretende realizar um projeto usando o reggae, que é muito forte no Maranhão, onde nasceu.
"Lá, as radiolas, que são equipes de som com caixas com um grave que você passa e o coração dispara, é igual ao baile funk aqui no Rio. Tem caras jamaicanos que fazem músicas especialmente para as radiolas do Maranhão. Queria juntar essas pessoas e fazer o meu Graceland", diz Baleiro, referindo-se ao álbum em que o músico americano Paul Simon gravou na África do Sul.
"Lá, os caras nem escutam Bob Marley. É só Eric Donaldson, Dennis Brown e Gregory Isaacs, coisas assim. Os caras vêm da Jamaica, tocam lá no Maranhão, e voltam. Nem passam pelo resto do Brasil", afirma.
Já a turnê de lançamento de O Coração do Homem-Bomba roda o país inteiro. Começa nesta sexta-feira, em Manaus, e chega no Rio nos dias 22 e 23 de setembro.
Fonte: Terra Música