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Música do Brasil

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Armandinho: dos hits à carreira independente com seu novo CD, Volume 5

Armandinho dominou as rádios brasileiras com os primeiros hits de sua carreira: Ursinho de Dormir, de 2002, e Desenho de Deus, de 2004. Após lançar quatro álbuns entre 2002 e 2006 pela multinacional Universal Music, o cantor e compositor gaúcho partiu para a carreira independente, montando um estúdio em casa para o lançamento de seu quinto álbum, Volume 5, que está sendo lançado por seu próprio selo, Alba Music.

Em entrevista ao Virgula Música, o cantor e compositor gaúcho falou sobre o conforto de gravar seu álbum em casa, da carreira como músico independente e do papel da internet na divulgação do CD. Leia abaixo:

Como foi gravar o disco em um estúdio caseiro, longe da aparelhagem oferecida pela Universal Music?
Foi uma delícia, a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Existem dois momentos na gravação de um álbum: primeiro, tudo está lindo, excitante, perfeito; depois, começam os problemas, e você sente que é hora de parar para repensar alguns elementos. Quando você está em um estúdio alugado, não dá pra parar e continuar depois que a crise passar, porque sai caro. Fazendo o álbum em casa, eu podia fazer uma pausa, ir tomar um café, e quando batia a inspiração, agarrar o violão e gravar algo na hora que quisesse, em uma tomada só.

Além do processo de gravação, qual o principal diferencial deste álbum em relação aos anteriores?
Em Volume 5, me descobri como guitarrista. Nunca tive ambição nem achei que fosse bom nisso, mas comecei a tocar para mostrar para o guitarrista profissional que tinha contratado como queria as músicas. Daí, me falaram: "Para que descartar essas guitarras que você já gravou? Estão ótimas!" E acho que o CD ficou mais verdadeiro e sincero por isso.

Então você acha que Volume 5 acabou ficando um álbum mais pesado, se distanciando do som pop romântico que o consagrou?
Com certeza. O álbum ficou bem pesado, com uma veia rock que achei fantástica. A sonoridade está mais com cara de som de garagem, e mais a ver com a filosofia do surf, que guia o meu cotidiano. Como não sou um músico que faz esporte, e sim um cara que vive nesse meio, é importante para mim manter essa identidade intacta.

E por que essa mudança radical de sonoridade?
Sempre tive a obrigação de fazer sucesso e isso gerava muita angústia. Quando escrevi canções românticas, como Desenho de Deus, estava em outro período da minha vida. Naquela época, essas músicas faziam sentido para mim. Hoje, não conseguiria repetir o apelo popular de um hit como esse, porque tenho outras prioridades, levo uma vida diferente.

Hoje em dia, você acha que encontrou a sua sonoridade?
Prefiro dizer que o que componho hoje em dia faz sentido para mim. Eu amo um som mais pesado e é isso que estou fazendo. Tenho influências de Jimi Hendrix, Black Sabbath, Black Crowes, sonoridades que não podia abordar anteriormente no meu som porque não havia espaço. E também posso abusar do reggae de Bob Marley.

Então valeu a pena seguir carreira alternativa, sem o apoio de uma grande gravadora?
Fui muito feliz no meu período na Universal. Mas também acho que fiz muito bem em sair para fazer coisas diferentes e ter a liberdade total que tenho hoje. Não tenho mais a pressão de fazer sucesso ou emplacar músicas nas rádios. Meu novo CD é o que sempre quis: uma trilha sonora de um filme de surf.

Como músico independente, a Web foi importante na divulgação de Volume 5?
A internet me ajudou e me atrapalhou muito. Me ajudou porque sem ela eu não teria atraído a atenção de uma major e minha música nunca teria chegado a certos públicos. Mas também atrapalhou porque, não sei, talvez a pirataria tenha ajudado a minha saída da gravadora, já que as pessoas não compravam meus álbuns e o investimento não tinha retorno.

Mas quanto mais os artistas veiculam músicas pela Web, mais o público se interessa. Antes do crescimento da internet, você acha que os músicos lucravam tanto assim? A diferença é tão absurda?
Não sei se havia muito mais lucro, mas com certeza o faturamento era maior. E a equação é simples: os artistas davam lucro para as gravadoras, que investiam mais em videoclipes de qualidade, em divulgação... É um círculo vicioso. Mas também estaria mentindo se dissesse que a web não foi importante para mim.

Você criou um selo, o Alba Music. Sua intenção agora é investir em novos talentos?
Exatamente. Quando montei o selo, já pensava em lançar gente nova,  gente do surf que não tem muito espaço ainda. Acho que já passou a minha fase de cantar coisa jovem. Prefiro lançar a molecada, é hora de gente nova aparecer na cena.

 

Fonte: Virgula Música

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