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Música do Brasil

Música do Brasil

Caetano e Gadú dão show de MPB

 
Caetano Emanuel Viana Teles Veloso. 69 anos. Natural da Bahia.
Mayra Corrêa Aygadoux. 24 anos. Paulista.
Ele é estrela maior de várias gerações.
Ela é estrela ascendente de uma nova constelação de cantores da Música Popular Brasileira.

O que é que estas duas pessoas têm em comum? Para já uma notória amizade que as une. Depois, o facto de terem conquistado por um lado, o silêncio, por outro os aplausos nesta noite no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Tantos aplausos que os artistas não puderam fugir a dois encores muito pedidos. Os cantores brasileiros interpretaram temas da autoria de ambos, embora, surpreendentemente, se tenham dividido ao longo do espectáculo que durou cerca de duas horas: o primeiro tema, 'Beleza Pura', foi cantado a duas vozes mas logo depois foi Maria Gadú que embalou a plateia em dez músicas. De seguida, outras dez só com o imenso Caetano e, por fim, mais uma dezena onde pudemos comprovar a beleza da combinação perfeita destas duas vozes. E é bom saber que ainda há quem o consiga fazer de forma tão impressionante e sem recursos informáticos.

Em palco, só uma enorme bola por detrás de ambos. Duas violas. Dois microfones. E é tudo. Afinal, também nada mais faz falta num concerto em que, apesar do público não resistir a cantar alguns temas amplamente conhecidos, o que se quer é mesmo fechar os olhos e escutar com atenção o que eles nos cantam. Ouvir, sentir, gostar ou não gostar, nem sempre as canções de Caetano/Gadú têm de fazer algum sentido mas o importante é como nos tocam.
Depois da saída de "Velê" do palco, a jovem cantora começa o seu repertório com 'Bela Flor', 'Encontro' e 'Tudo Diferente'. São, principalmente, os temas do seu álbum de estreia, homónimo, que marcam a actuação mas também houve lugar a 'Amor de Índio', um tema de Beto Guedes, de 1978, que chega até aos dias de hoje graças ao grupo brasileiro Roupa Nova.
Os dois cruzam-se em palco para 'O Quereres' e 'Sampa' e Caetano segue a solo. 'Cajuina', 'Desde que o Samba é Samba' e 'Alegria, Alegria' foram algumas das canções que "aqueceram" o público que se entregou completamente ao eterno 'Sozinho'.

Homem de poucas mas sentidas palavras, Caetano Veloso aproveita um dos muitos momentos de palmas para dizer que lhe dá grande prazer cantar músicas dos outros. À "boleia" do "recado" é precisamente ele que canta o "hino", como o próprio lhe chamou, de Gadú: 'Shimbalaiê'. E o final, a duas vozes, tinha de ser com músicas tão importantes para o público português como 'Trem das 11', que perde o jeito sambista do original para, afinal, percebermos que se encaixa muito bem neste registo mais suave, 'Leãozinho', 'O Nosso Estranho Amor' ou 'Menino do Rio'.

Caetano Veloso e Maria Gadú são duas gerações de intérpretes da música popular brasileira (MPB), que se encontraram para um concerto acústico no Brasil, andaram em digressão pelo país, só com as suas vozes e violão, e agora chegaram a Portugal. O espectáculo já nos tinha sido mostrado no CD/DVD "Multishow ao Vivo" mas nenhum fã parece ter perdido a emoção do "em carne e osso". Ele, satisfeito por mais uma noite de "casa cheia". Ela, sem palavras perante tanto acolhimento do público.
 
Fonte: Cotonete

Caetano Veloso e Maria Gadú no Atlântico: Drs. Estranho Amor

No palco do Pavilhão Atlântico não houve romance mas um estranho amor.

O atraso no inicio do concerto não pareceu incomodar o publico que lentamente ia enchendo a sala. Expectante mas não impaciente, a noite prometia música doce e aconchegante.

Caetano Veloso e Maria Gadú chegam ao palco simples e despojados. Brindam a plateia com «Beleza Pura» e Caetano abraça Maria deixando-a entregue a um Pavilhão Atlântico com um péssimo som.

Escondida atrás de um chapéu e de um sorriso tímido passeia pelo repertório com a sua voz forte e melódica, faz-nos rir com a introdução de uns versos de «1406” dos Mamonas Assassinas - «Money que é good e nois não have» é o verso repetido na plateia com ou sem reconhecimento. Uma dezena de músicas depois não restam dúvidas, caso as houvesse, de que Maria Gadú é o próximo nome a decorar no futuro da MPB.

Quando chega a altura de Caetano ficar a sós, somos transportados para o seu universo particular. Pouco comunicativo, admite que tem prazer em cantar as músicas que não lhe pertencem depois de, em jeito de rebuçado, cantar «Sozinho» acompanhado por milhares de vozes. Intercalando entre silêncios e palmas fortes nota-se o prazer nos olhos do cantor que não se envergonha de olhar para as pautas quando a memoria não quer ajudar.

Quem esperava uma reprodução do álbum ao vivo «Multishow» talvez não tenha saído de peito cheio, ainda que o concerto tenha terminado com a dupla em palco a emocionar a plateia na partilha e na entrega. Esta respondeu sem medo a «Menino do Rio», «Leãozinho» e derreteu-se numa versão menos sambadae mais intensa de «Trem Das Onze».

Tanto assim foi que voltaram para dois encores, e foi aqui que o público se levantou e se chegou à frente para tentar a aproximação que esta sala de espectáculos à beira rio não consegue criar. Ficou a faltar a «História De Lilly Braun» e acima de tudo a envolvência que este tipo de espectáculos merece.

 

Fonte:Disco Digital